Depois de anunciar, em agosto, a intenção de deixar o mercado de chuveiros e torneiras elétricas, a Dexco conseguiu encontrar um comprador para a unidade de negócios, passo visto como importante no processo de reestruturação, que visa melhorar a rentabilidade e reduzir o endividamento.

A companhia, controlada pela Itaúsa e dona de marcas como Deca, Duratex, Hydra e Portinari, anunciou na quarta-feira, 2 de outubro, um acordo com a catarinense Zagonel para a venda de boa parte dos ativos da divisão, por um valor não revelado.

A operação compreende as marcas Corona e Thermosystem, uma fábrica em Aracaju (SE), com capacidade de produção de aproximadamente 12 milhões de peças anuais, e dois centros de distribuição, um em Aracaju e outro em Tubarão (SC).

A Hydra não fez parte do acordo e seguirá sendo utilizada pelo portfólio de produtos Dexco, segundo o fato relevante divulgado pela companhia.

Ainda que a Dexco destaque que a venda resultará numa baixa contábil de cerca de R$ 100 milhões nos resultados do terceiro trimestre, o negócio deve trazer um alívio para a Dexco.

A expectativa é de que os recursos ajudem a reduzir a alavancagem financeira, com a relação entre dívida líquida e Ebitda recorrente ajustado alcançando 3,5 vezes no segundo trimestre. Além disso, a operação retira uma área que não vem apresentando os resultados esperados.

Em relatório publicado no fim de setembro, os analistas do BTG Pactual destacaram que, apesar de relevante em termos de receita, a parte de chuveiros elétricos gera praticamente nenhum Ebitda para a Dexco.

O grupo ingressou no segmento de chuveiros e torneiras elétricas em 2012, a partir da aquisição da Thermosystem. Em 2015, reforçou esse portfólio com a compra da Corona, unificando as operações em 2018.

A divisão de metais e louças, em que chuveiros e torneiras elétricas estão inseridos, foi uma das que mais pesou no balanço da companhia em 2023, com uma queda de 21,2% na receita líquida, para R$ 1,68 bilhão, e um Ebitda ajustado e recorrente negativo em R$ 15,6 milhões.

No segundo trimestre, a unidade apresentou sinais de melhora, ao reportar uma receita de R$ 535,1 milhões, alta de 13,6% em base anual, e um Ebitda ajustado recorrente de R$ 51,8 milhões, revertendo o saldo negativo de R$ 2,58 milhões de um ano antes.

Sem a parte de chuveiros e torneiras elétricas, a expectativa é de que a Dexco possa começar a colher os frutos dos ajustes feitos em outras linhas de negócios. Para o BTG Pactual, a parte de painéis de madeira deve se beneficiar da retomada da demanda, permitindo um reajuste de até 10% dos preços, enquanto a margem Ebitda da Deca caminha para a casa dos 10%.

“Acreditamos que a companhia está entrando num período de revisão positiva dos resultados e vemos as ações sendo negociadas a níveis de valuation decentes, ao redor de 6 vezes o Ebitda para 2025, enquanto os níveis históricos variaram entre 6,5 vezes e 7 vezes o Ebitda”, diz um trecho do relatório.

O BTG Pactual tem recomendação de compra para as ações da Dexco, com preço-alvo de R$ 10,50. Por volta das 12h32, as ações da Dexco caíam 0,46%, a R$ 8,68. No ano, elas acumulam alta de 11,57%, levando o valor de mercado a R$ 7,1 bilhões.