A CPFL Energia tem uma estimativa de investimento de R$ 28,4 bilhões no ciclo 2024-2028. A empresa com negócios em geração, distribuição, transmissão e comercialização de energia elétrica, que tem concessões em grande parte do Estado de São Paulo e do Rio Grande do Sul, precisou se adaptar às mudanças climáticas.
A empresa teve de dobrar o volume financeiro em investimentos na comparação com cinco ou dez anos atrás - ou os últimos dois grandes ciclos de planejamento. O motivo são as mudanças climáticas que exigem uma rede cada vez mais robusta e automatizada para garantir a disponibilidade do fornecimento de energia.
“A quantidade de eventos climáticos extremos que enfrentamos na nossa região, hoje, é sem precedentes quando a gente olha o histórico”, diz Gustavo Estrella, CEO da CPFL Energia, em entrevista ao Números Falam, programa do NeoFeed que tem o apoio do Santander Select.
“O investimento é fundamental para que a gente possa preservar a qualidade da rede face ao ambiente muito mais adverso”, complementa.
Estrella usa como exemplo a troca dos postes que a CPFL tem realizado em dois terços das cidades do Rio Grande do Sul. Quando a empresa assumiu a concessão em 2006, 90% dos postes eram de madeira.
Na época, essa estrutura aguentava a temperatura da região, algo que mudou nos últimos anos. Em até três anos, todas as cidades atendidas terão postes de cimento.
Além da infraestrutura da rede para distribuição de energia, esse ciclo de investimentos da CPFL contempla uma parcela para implementação de inovação e tecnologia.
No fim do segundo trimestre, a empresa tinha instalado 18,7 mil religadores automáticos, um sistema inteligente de controle que monitora pedaços da rede. Essa tecnologia consegue isolar apenas onde está o problema em vez de desenergizar uma grande extensão.
“Os religadores são fundamentais pois têm a capacidade de manejar a rede e ajudar a tomar a decisão onde cortar o fornecimento de energia elétrica”, diz o CEO da CPFL.
No planejamento da empresa estão previstos R$ 580 milhões em soluções inteligentes de energia. Mais 5,1 mil religadores automáticos devem ser instalados. O resultado esperado é o aumento de eficiência operacional e a redução do tempo de interrupção de energia e do deslocamento das equipes.
O passo seguinte é a instalação de medidores inteligentes. Essa tecnologia possibilita a coleta individualizada de dados de cada consumidor, em tempo real. Para a CPFL, essa vai ser a chave para melhorar a produtividade e restaurar a energia elétrica de forma automatizada para os 10,6 milhões de clientes.
Estrella esteve recentemente na China, onde existem 500 milhões de medidores inteligentes instalados e funcionando. A CPFL foi adquirida, em novembro de 2017, pela chinesa State Grid, que detém 83,7% das ações da companhia.
“Do nosso investimento total, tenho R$ 1,5 bilhão ligados à medição inteligente com potencial de chegar até R$ 8 bilhões”, diz Estrella. “Temos um volume grande de investimento, que passa a ser recorrente. Não há nenhuma perspectiva de que a gente vá reduzir em algum momento.”
Com Ebitda anualizado de R$ 12,9 bilhões, a CPFL tem um endividamento de R$ 25,9 bilhões. Mas com prazo médio acima de quatro anos, a gestão da companhia evita pressões no caixa da companhia.
Além disso, pouco mais de 70% estão indexados ao CDI e o restante à inflação. “É um hedge natural com a receita, que também é indexada à inflação”, diz o CEO.
Nesta entrevista, que você assiste no vídeo acima, Estrella fala também sobre os desafios da energia renovável. E por que teve de desligar a geração dessas fontes para garantir a segurança do sistema elétrico.
Com valor de mercado de R$ 37,9 bilhões, a ação CPFE3, da CPFL Energia, acumula queda de 14,% no ano, até quarta-feira, 16 de outubro.