Ao turbinarem os resultados e o valor de mercado da Novo Nordisk, o Ozempic e o Wegovy serviram como “inspiração” para que outros players da indústria farmacêutica buscassem suas versões de medicamentos contra a diabetes e a obesidade, na esperança de também encorparem seus números.

Algumas dessas empresas, entretanto, podem estar exagerando na dose. Essa é, ao menos, a visão da Novo Nordisk. A empresa dinamarquesa entrou com um pedido junto à Food and Drug Administration (FDA) para proibir a produção de versões compostas de seus dois “blockbusters”.

Segundo a rede americana CNBC, a Novo Nordisk alega que algumas farmácias de manipulação estão fabricando versões compostas de semaglutida, o princípio ativo do Ozempic e do Wegovy, não aprovadas e muitas vezes mais baratas que os dois medicamentos.

O grupo também ressalta que os produtos dessa categoria são muito complexos para serem replicados com segurança por essas empresas. O caso ainda carece de uma decisão final da FDA, que, em um posicionamento oficial, disse que responderá diretamente à Novo Nordisk.

Essa não é, porém, a primeira vez que a Novo Nordisk tenta conter o avanço de cópias potencialmente prejudiciais de seus medicamentos. A companhia já acumula um histórico de 50 ações judiciais contra clínicas, farmácias de manipulação e outros fabricantes do setor.

Em paralelo a essa disputa nos tribunais, a empresa tenta ampliar a oferta de semaglutida para atender à enorme demanda por seus medicamentos no mercado americano, o que tem gerado uma escassez nas prateleiras. Outro desafio é o custo elevado dos produtos, de US$ 1 mil por mês.

Diante desse valor, da falta dos produtos e do fato de que muitos planos de saúde não cobrem o custo desses medicamentos, não são poucos os consumidores do país que têm recorrido a versões compostas de semaglutida mais acessíveis para darem sequência aos seus tratamentos.

No mercado americano, as farmácias de manipulação podem preparar cópias de medicamentos de marca caso estes estejam em falta, desde que atendam aos requisitos da FDA. No país, a menor dose do Wegovy, por exemplo, está em falta atualmente.

Em um comunicado, a Novo Nordisk ressaltou, porém, diversos riscos associados a essas versões compostas de semaglutida. Entre eles, impurezas desconhecidas, dosagens incorretas e casos em que o produto não continha o princípio ativo.

O grupo não é o único a questionar tais cópias nos tribunais americanos. Desde 2023, a americana Eli Lilly já processou diversas clínicas e farmácias de manipulação que estariam produzindo versões falsificadas do Zepbound, seu medicamento contra obesidade baseado no princípio ativo tirzepatida.

Nos casos mais recentes, que vieram à tona nesta semana, a Eli Lilly entrou com ações judiciais contra três clínicas de spa e empresas de vendas online sob essa alegação. Os alvos desses processos são as companhias Pivotal Peptides, MangoRx e Genesis Lifestyle Medicine.