Las Vegas - Enquanto muitos executivos traçam e balizam suas metas com números e cifras, Alan Jope, CEO da Unilever desde 2019, o faz com políticas de inclusão. "Quero que a Unilever seja um farol de diversidade e inclusão", disse o líder de um dos maiores conglomerados no palco da CES.
Dividindo o holofote com Marc Benioff, fundador da Salesforce, Jope explicou que as responsabilidades da Unilever são proporcionais ao tamanho da empresa. Avaliado em US$ 54 bilhões, o grupo detém o controle de 400 marcas (Helmann's, Dove, Omo, Knorr, Rexona, entre outras), faturou 50,9 bilhões de euros, emprega 155 mil pessoas e atende 2,5 bilhões de consumidores mundo afora.
Um dos principais trunfos de Jope é conhecer a empresa como ninguém – ele faz parte do grupo há mais de 30 anos, e passou por diferentes marcas, setores e cargos antes de sentar na cadeira mais alta do ponto de vista hierárquico.
Desde que assumiu a administração da Unilever, Jope tratou como prioridade a questão da igualdade de gênero e equidade salarial. "Agora temos números idênticos de homens e mulheres no conselho – seis de cada. E, no Reino Unido, as mulheres ganham ligeiramente mais", disse, arrancando aplausos da plateia.
Mais do que olhar pelo retrovisor para as coisas que já foram feitas e se vangloriar delas, o executivo escocês está mais interessado no que está por vir, porque sabe que também é parte do problema.
O desperdício de alimentos, por exemplo, é uma pauta urgente para Jope. "Se toda comida desperdiçada no mundo fosse um país, a Unilever seria a terceira nação mais poluente do mundo. E, falando como um grupo que detém tantas marcas de alimentos, isso nos é particularmente sensível", conta.
Para tentar apresentar novas soluções para esse velho problema, a Unilever tem feito uso das tecnologias disponíveis, como a criação de apps que ajudam restaurantes a lidarem com "sobras"; clientes a planejarem suas refeições e novas aplicações para itens comumente descartados, como a água do feijão, por exemplo, que pode ser usada para fazer maionese.
Já trabalhando com os problemas da "porta para fora", Jope quer agora empenhar sua energia para resolver aqueles "da porta pra dentro", sendo o principal deles a inclusão de pessoas com deficiência.
"Nossa meta é tornar a companhia o melhor lugar para uma pessoa com deficiência trabalhar, e queremos que 5% de toda a nossa força de trabalho seja autodeclarada deficiente", anuncia.
Longe de ser uma iniciativa "caridosa", Jope deixa claro que vê grandes potencial em pessoas com certas limitações, porque, com as ferramentas certas, elas podem fazer coisas incríveis – e lucrativas.
Jope ilustra seu ponto de vista com o case da Unilever no Egito, que empregou 52 funcionários com algum tipo de deficiência visual no departamento de televendas. "O desempenho delas foi exemplar. Talvez por não conseguirem enxergar, essas pessoas se tornam ouvintes habilidosos", conta.
Com a tecnologia e a liderança certa, Jope acredita que mais pessoas com desafios físicos ou motores tenham a mesma chance de desempenhar trabalhos incríveis, que colaborem para o crescimento da empresa – e para a evolução da sociedade.
"E, quando falo ferramenta certa, não quero dizer elevadores, cadeiras de rodas malucas e outras coisas do tipo, que são importantes também. Mas falo aqui de ferramentas que permitam a essas pessoas desempenhar funções construtivas, nada de ficar apertando botão de elevador", pontua.
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