A nstech, empresa de tecnologia logística, está fazendo mais duas aquisições, chegando a impressionante marca de 33 M&As em quatro anos.

Dessa vez, a companhia fundada por Tarpon e Greenbridge, em 2020, está comprando a log.One e a GBM. A primeira atua em logística e gestão de terminais multimodais e a segunda em automação de operações em terminais.

O negócio é parte em dinheiro e parte em ações, mas o valor da transação não foi revelado. Desde que foi criada, a nstech já investiu R$ 1,6 bilhão na operação, sendo que a maior parte desses recursos foram em M&As.

“O custo logístico do Brasil saiu de 13% e atingiu 18,4% do PIB em 2023”, diz Vasco Oliveira, CEO da nstech, ao NeoFeed. “Tanto Log.One, como GBM atuam nessa dor e ajudam a aumentar a produtividade.”

A Log.One, por exemplo, é dona de uma solução de logística multimodal, com foco na movimentação e armazenagem de granel, como produtos do agronegócio e de mineração. Tem forte atuação em terminais portuários e em controles de barcaças, rodoviário e ferroviário.

“Controlo desde o campo até a saída do produto do navio”, diz Gustavo Mourão, fundador da Log.One. Atualmente, os principais clientes da empresa são Ferroport, TGG, Porto Açu e Bunge

A GBM, por sua vez, é focada na operação de terminais, através de câmeras que fazem o acompanhamento sem interação humana. “Tenho modelos que preveem quando um caminhão vai chegar”, diz Guilherme Macário, fundador da GBM. “Uma operação de descarga ferroviária era apurada a cada seis horas e 12 horas. Agora, é a cada minuto.”

Os principais clientes da GBM são Rumo, ADM, Bunge, Amaggi, CLI, FS Agrisolutions, bem como alguns dos principais terminais portuários e até mesmo a FIPS (Ferrovia Interna do Porto de Santos).

Os dois fundadores vão permanecer à frente do negócio e as duas marcas não vão sumir, um estilo que faz parte do DNA de aquisições da nstech, que compra o negócio, mantém os fundadores e não mata a empresa adquirida.

Dessa forma, quase que silenciosa, a nstech foi construindo uma operação que já tem um receita anual recorrente (ARR, da sigla em inglês) de R$ 1 bilhão. A companhia conta com 75 mil clientes e está presente em 15 países (Angola, Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, EUA, México, Panamá, Paraguai, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela).

A estratégia para chegar a esse tamanho foi inorgânica. Entre as 33 aquisições já realizadas, estão nomes do mercado de logística que ajudaram a montar o quebra-cabeça de soluções da nstech.

Entre eles, Trizy, BRK, Buonny, Opentech, LogRisk, Trafegus, Onisys, at&m, Simetrias, Atua, Bsoft, KMM, Hivecloud, Fusion, Praxio, Datamex, Comprovei, Multisoftware, Routeasy, FreteRápido, e-Frete, 99kote, APIPASS e MundoLogística.

Com isso, a nstech passou a atuar em diversas áreas, tornando-se uma espécie de one-stop-shop de tecnologia logística, oferecendo quase tudo o que o setor precisa. “Passa pela plataforma R$ 16 trilhões de valor de produto de mercadorias por ano. É uma vez e meia o PIB do Brasil”, diz Oliveira.

O próximo passo é um IPO nos Estados Unidos. Mas essa movimentação não está logo ali. Oliveira diz que a empresa está preparada, mas é preciso cumprir alguns pré-requisitos.

O primeiro deles é atingir um ARR de R$ 1,5 bilhão, algo que deve acontecer só em 2026. Para esse salto de quase 50% na receita anual recorrente, a estratégia de aquisições vai se manter a pleno pulmões. Oliveira diz que financia as transações com o caixa da própria nstech, que é lucrativa.

O segundo pré-requisito para a abertura de capital é a janela de IPOs estar definitivamente aberta em 2026.