À frente da presidência da Caixa Econômica Federal desde janeiro de 2019, o economista Pedro Guimarães liderou uma estratégia de desinvestimentos no valor de R$ 15 bilhões no ano passado. Além disso, o banco reportou um lucro líquido de R$ 16,1 bilhões no acumulado de janeiro a setembro do ano passado, alta de 40,9% sobre igual período, um ano antes.
À parte dessas questões, Guimarães segue planejando os próximos passos do banco estatal. Assim como projeta os resultados dessas estratégias. “Nosso primeiro ano de gestão foi de uma reestruturação profunda. Nesse ano, o foco será a rever a estratégia comercial”, afirmou o executivo, durante evento promovido pelo Credit Suisse, em São Paulo. “Mas a grande força da Caixa, de fato, será sentida a partir de 2021.”
No roteiro para concretizar essas projeções, ele destacou, no entanto, uma frente: a intenção de começar a testar ativos da estatal no mercado de capitais. Nesse processo, ele disse ter a expectativa de realizar ao menos dois IPOs: da Caixa Cartões e da Caixa Seguridade.
O radar inclui ainda duas operações com menos perspectivas de ir à Bolsa. A Caixa Assets e a Caixa Loterias, que dependeria de um decreto por parte do governo. Já a abertura de capital da Caixa Seguridade, o ativo mais próximo de seguir esse percurso, está à espera da aprovação do Conselho de Administração.
“Nós temos uma XP dentro da Caixa”, afirmou Guimarães, ao ressaltar o potencial ainda inexplorado do ativo, citando como exemplo o fato de o banco vender seguros prestamistas para apenas 1% de sua base de 102 milhões de clientes.
No caso da Caixa Seguridade, cuja abertura de capital é estimada para abril, Guimarães afirmou que o roadshow do IPO passará por todos os Estados do País e terá como um de seus focos os investidores de varejo. “Vamos entrar pesado nessa frente. Vou para Roraima, Amapá e interior de Rondônia falar com empresários e pessoas físicas locais”, afirmou o executivo.
Para ele, a falta de maior participação desse perfil de investidor nas aberturas de capital está diretamente ligada a ausência de IPOs de empresas de menor porte. “Nos Estados Unidos e na Ásia, em especial na China, 90% dos IPOs são de operações pequenas”, disse. “Essa talvez seja a grande criação de valor que a Caixa pode trazer para o mercado.”
Guimarães observou que dará maior peso às vendas cruzadas de produtos e serviços, aproveitando sua rede de 26 mil pontos de venda, entre agências, casas lotéricas e correspondentes bancários. Segundo o executivo, essa é outra vertente que o banco deu pouca atenção nos últimos anos.
O banco também planeja reforçar suas operações em financiamento imobiliário. Prevista para ser lançada em breve, uma das novidades é o crédito imobiliário prefixado, cuja previsão é trabalhar com uma taxa de juros inferior a 10% ao ano.
Outra frente que deve ganhar força é o microcrédito. No momento, a Caixa estuda um modelo para estruturar a área, hoje sob o guarda-chuva da Caixa Crescer. “Se há algo em que não fui eficiente nesse ano foi o microcrédito. Em todo o resto, nós resolvemos ou andamos”, disse. “É uma área de extremo potencial.”
"Nós temos uma XP dentro da Caixa”, afirmou Guimarães, referindo-se a Caixa Seguridade
Em um dos caminhos traçados para impulsionar essa vertente, ele disse ter recebido propostas de parcerias durante a viagem de Bolsonaro à Índia, na semana passada, da qual participou. O país asiático é conhecido por seu avanço nesse tipo de oferta.
Guimarães projeta uma nova viagem para costurar esses acordos no prazo de dois meses. No percurso, estão previstas ainda passagens por Bangladesh e por ao menos dois países da África, entre eles, o Quênia.
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