O Iguatemi acaba de anunciar que Cristina Betts está deixando o comando do grupo de shopping centers, após 17 anos na companhia, sendo 13 deles como CFO e os últimos quatro como CEO.

Para o seu lugar, a empresa escolheu uma solução “caseira”. Quem assume o posto é Ciro Neto, que vinha atuando como vice-presidente comercial do grupo desde 2023, após uma passagem de três anos pela C&A, como diretor de expansão.

A C&A foi também a primeira casa de Neto, antes dele ingressar no próprio Iguatemi, em 2010. Em sua primeira passagem, ele ocupou os cargos de gerente-geral e diretor comercial da companhia.

“Essa conversa não é recente e já vem acontecendo há algum tempo”, diz Pedro Jereissati, vice-presidente do conselho de administração do Iguatemi, ao NeoFeed. “Achamos que esse era o momento adequado para essa mudança, pois fechamos o ciclo de 2024, com ótimos resultados.”

Ele destaca alguns dos avanços conquistados pela empresa desde que Betts assumiu como CEO, em janeiro de 2022, no lugar de Carlos Jereissati. Entre eles, o fato de, nesse intervalo, o Iguatemi ter saído de um Ebitda de cerca de R$ 70 milhões para o patamar de R$ 937,9 milhões no ano passado.

“É preferível começar um novo ciclo, do que entregá-lo pela metade”, diz Betts. “E, honestamente, foi uma motivação muito mais pessoal de sair agora. Não há nenhum motivo da companhia. Ao contrário. É o momento certo.”

Nesse novo desenho, a dupla diz que ainda não está definido se Betts deixará totalmente a companhia ou pode passar a integrar o seu board. O certo é que ela seguirá como conselheira de operações como a B3 e a Votorantim Cimentos. E diz que terá mais tempo para pensar em seu “novo ciclo”.

A data para a sua saída também não está definida ainda. Segundo Betts, essa passagem de bastão deve acontecer nos próximos 30 dias. “Será um processo bem tranquilo. O Ciro já está aqui há bastante tempo, assim como o time do comitê executivo e das demais áreas”, diz a executiva.

Ciro Neto, novo CEO do Iguatemi

Em mais alguns números recentes da operação, Betts entrega a Ciro uma empresa que reportou um lucro líquido de R$ 399,3 milhões em 2024, alta de 31,1% sobre 2023. Já a receita líquida do grupo cresceu 7,5%, para R$ 1,25 bilhão.

A companhia fechou o ano com uma dívida líquida de R$ 1,61 bilhão, uma ligeira queda de 0,4% sobre o terceiro trimestre de 2024. A alavancagem, por sua vez, medida pela relação dívida líquida/Ebitda ajustado, foi de 1,84 vez, contra 1,67 vez na mesma base de comparação.

Em linha com a escolha de um CEO de suas próprias fileiras, Jereissati diz que, a partir desses e de outros indicadores, uma das prioridades em 2025 será olhar para dentro de casa, com a integração de ativos mais recentes ao grupo.

Isso inclui, certamente, o Shopping Rio Sul, cuja compra de uma participação de 54%, em julho de 2024, com a BB Asset, marcou a entrada do grupo no mercado carioca. E, possivelmente, os frutos da negociação, ainda em curso, com a Brookfield, para aquisições de fatias nos shoppings Pátio Higienópolis e Paulista.

“São propriedades icônicas e vamos ter um foco em olhar e fazer o onboardings desses empreendimentos no portfólio”, diz Jereissati. “São movimentos tão relevantes que agora é parar, olhar para dentro de casa e digerir. Além de seguir fazendo nossos movimentos de reciclagem de capital.”

As units do Iguatemi encerraram o pregão dessa sexta-feira com alta de 0,15%, a R$ 19,43. Em 2025, elas registram uma valorização de 12,5%. O grupo está avaliado em R$ 5,4 bilhões.