Brasília - A apenas seis dias antes do prazo final dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que a Eletrobras e o governo fechassem a negociação sobre a desestatização da empresa, o acordo finalmente saiu com vitórias para os dois lados.

Na manhã de sexta-feira, 28 de fevereiro, foi publicado fato relevante com os termos da negociação. Como queriam ministros do governo Lula, a União, que detém detém 32,9% das ações ordinárias da Eletrobras, ficou com três cadeiras no conselho de administração e uma no conselho fiscal.

Mas a Eletrobras conseguiu um tento importante: não precisa mais investir na conclusão das obras de Angra 3. “O diabo morava nos detalhes, mas acabou todo mundo feliz”, disse ao NeoFeed um integrante da empresa.

Foi a partir da semana passada que o acordo começou de fato a ser destravado. Ainda na segunda-feira, 17 de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reuniu os ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia), Rui Costa (Casa Civil), Dario Durigan (Fazenda, representando Fernando Haddad), Jorge Messias (Advocacia-Geral da União) e Esther Dweck (Gestão).

Silveira saiu da reunião dizendo que o acordo não garantia a saída da Eletrobras da Eletronuclear - a empresa tem 35,9% do capital social da estatal.

Sem que o acordo avançasse uma casa durante quase dois meses, Lula deu a Jorge Messias a tarefa de fechar o acordo. O ministro da AGU desenhou as primeiras linhas da negociação. Lula decidiu chamar a reunião, mesmo sem a presença de Haddad, que não estava em Brasília.

“A Fazenda tinha uma preocupação com prejuízos futuros, o que era legítimo, mas ao mesmo tempo nada chegou a sair do lugar, era dedo no olho o tempo todo”, disse um integrante do governo que participou das negociações.

Na prática, o governo saiu satisfeito em aumentar a participação nos conselhos de administração e fiscal. Tem agora três de 10 cadeiras no primeiro e uma das cinco no segundo.

Por sua vez, a Eletrobras se livrou de um investimento visto pela própria empresa como um mau negócio - os aportes para a construção de Angra 3. Além disso, conseguiu o compromisso do governo de buscar um parceiro privado para a compra da parte da empresa na Eletronuclear.

As ações da Eletrobras sobem mais de 5% na B3, por volta das 1oh30. Em 12 meses, perdem quase 11%. A companhia está avaliada em R$ 91,1 bilhões.