As expectativas dos analistas sobre uma Eletrobras pagadora de dividendos começaram a se concretizar, com a companhia anunciando na quinta-feira à noite, 19 de dezembro, o pagamento de R$ 2,2 bilhões em dividendos extras e que estuda repassar mais proventos a cada trimestre.
Em fato relevante, a companhia informou que o conselho de administração aprovou o pagamento de dividendos extras com base no lucro apurado em 30 de setembro, referente à antecipação da destinação do resultado de 2024.
No terceiro trimestre, a Eletrobras registrou um lucro líquido de R$ 7,2 bilhões, um salto em relação ao ganho de R$ 1,5 bilhão registrado no mesmo período de 2023. No acumulado do ano até o final de setembro, a companhia apurou um lucro de R$ 9,2 bilhões, aumento de 2,6 vezes.
A companhia informou que pagará, em 13 de janeiro, cerca de R$ 2,43 por ação preferencial de classe A (PNA); R$ 1,82 por ação preferencial de classe B (PNB); e R$ 0,86 por ação ordinária.
A expectativa é que este seja só o começo. Junto com os detalhes do pagamento, a Eletrobras informou que iniciou estudos de metodologias de alocação e estrutura de capital. Um dos objetivos é “avaliar o pagamento de proventos intercalares trimestrais”.
O pagamento de dividendos pela Eletrobras foi assunto ao longo desta semana de researchs dos bancos, que veem a companhia em boas condições para aumentar o pagamento de proventos.
Os analistas do Itaú BBA apontaram que os desenvolvimentos mais recentes nas negociações a respeito do poder de voto da União na companhia abrem caminho para o pagamento de mais dividendos.
Eles também apontaram que a Eletrobras possui um caixa robusto, de quase R$ 30 bilhões, e uma alavancagem financeira baixa, com a relação entre dívida líquida e Ebitda atingindo 1,7 vez no terceiro trimestre.
Os analistas do BTG Pactual soltaram, no começo da semana, um relatório intitulado “Carta ao Conselho – é hora de dividendos”, afirmando que a reestruturação vem produzindo resultados e que é possível pensar em pagar mais proventos.
A questão, inclusive, foi fator determinante para os analistas do BTG Pactual recomendarem os investidores a ficar long em Eletrobras e short em Engie.
Quem também comentou o assunto foi o Goldman Sachs. Os analistas Bruno Amorim, Guilherme Bosso e Guilherme Costa Martins disseram que o anúncio da Eletrobras sobre o pagamento de dividendos intercalares e estudos sobre metodologias de alocação de capital deve ser bem recebido pelo mercado.
“Em conversas com investidores, vimos que dividendos no curto prazo é um dos principais catalisadores no radar do mercado (junto com as negociações com o governo federal)”, diz trecho do comentário. “Dado o complexo cenário macro atual e as previsões de preços de energia depreciados, esperamos que pagamentos antecipados sejam bem recebidos pelos investidores.”
As ações ordinárias da Eletrobras fecharam o pregão de ontem com alta de 1,04%, a R$ 34,83. No ano, acumulam queda de 16,5%, levando o valor de mercado a R$ 84,1 bilhões.