Produzido pela Novo Nordisk e sucessor do Ozempic, medicamento para diabetes, mas que ganhou fama e status de blockbuster de vendas no tratamento da obesidade, o Wegovy enfrenta o mesmo desafio do seu “irmão” mais velho: um preço elevado, com peso excessivo no bolso dos consumidores.

A farmacêutica dinamarquesa parece ter encontrado, porém, uma nova receita para enfrentar esse dilema, que deve ser acentuado com a perspectiva de uma concorrência cada vez mais acirrada nessa prateleira.

Em comunicado divulgado na quarta-feira, 5 de março, a Novo Nordisk anunciou que passará a oferecer o Wegovy por menos da metade do preço nos Estados Unidos, por meio de uma nova plataforma online de venda direta aos consumidores.

Batizada de NovoCare, a farmácia virtual vai permitir que os pacientes americanos paguem US$ 499 mensais, em dinheiro, pelo medicamento. Atualmente, o preço de tabela do Wegovy no país é de aproximadamente US$ 1.350.

“A Novo Nordisk continua a desenvolver soluções avançadas que melhoram a acessibilidade aos nossos medicamentos, tenham os pacientes seguro ou não”, afirmou Dave Moore, vice-presidente executivo, de operações nos Estados Unidos e de desenvolvimento de negócios globais do grupo, na nota.

O executivo destacou que, atualmente, mais de 55 milhões de americanos têm cobertura específica para medicamentos para controle de peso. E que 90% dos usuários do Wegovy no país com planos de saúde pagam de zero a US$ 25 por mês pelo remédio.

“Com a NovoCare, pacientes e prescritores têm outra opção que fornece acesso conveniente a todas as doses do Wegovy, aprovado pela FDA (Food and Drug Administration), a um custo reduzido e em nossa caneta de alta qualidade”, acrescentou Moore.

Nesse ponto, a Novo Nordisk frisou que o anúncio segue a recente comunicação da FDA, a agência de controle de medicamentos dos Estados Unidos, de que a escassez do Wegovy foi resolvida no país, com todas as dosagens do remédio “atendendo ou excedendo a demanda atual e projetada nos EUA”.

Ao longo de 2024, a combinação dos preços elevados com o fato de que muitos planos de saúde não cobrem o custo do Wegovy fez com que muitos consumidores americanos passassem a recorrer a versões compostas de semaglutida mais acessíveis, produzidas por farmácias de manipulação.

No mercado americano, essas farmácias são autorizadas a preparar cópias de medicamentos de marca caso esses estejam em falta, o que, diante da enorme demanda, foram os casos do Wegovy e do Ozempic.

Nesse contexto, em outubro de 2024, a Novo Nordisk chegou a entrar com um pedido junto à FDA para proibir a produção de versões compostas da dupla de estrelas do seu portfólio, sob a alegação de que muitas delas não seriam aprovadas e eram muito mais baratas que seus dois medicamentos.

Agora, com o fim da escassez do Wegovy declarado pela FDA e o lançamento da NovoCare, a Novo Nordisk também passará a oferecer entregas a domicílio, feitas por uma parceira, além de lembretes de recarga, suporte de um gerente e outros serviços aos pacientes.

Entretanto, se foi pioneira nesse novo boom dos remédios contra a obesidade, a Novo Nordisk não é a primeira farmacêutica a apostar nesse modelo. Responsável pelo medicamento Zepbound e sua maior rival nesse espaço, a americana Eli Lilly já havia lançado sua farmácia online em janeiro de 2024.

Em outra frente, essa mesma plataforma, batizada de LillyDirect, começou a oferecer o Zepbound em frascos de dose única, que custam até menos da metade do preço de tabela do medicamento, na casa de US$ 1 mil.

Apesar de ser mais lenta nessa largada, a Novo Nordisk acrescentou no comunicado que, em um futuro próximo, a oferta de preços reduzidos do Wegovy será estendida aos pacientes que pagam em dinheiro e usam farmácias de varejo tradicionais.

Em Nova York, as ações da empresa estavam sendo negociadas com alta de 3,59% por volta das 11h40 (horário local), cotadas a US$ 90,64, dando à companhia um valor de mercado de US$ 410,3 bilhões. Em 2025, os papéis acumulam alta de 5,3%.