Desde que o bilionário Elon Musk assumiu o controle da plataforma X, em outubro de 2022 (quando ainda se chamava Twitter), a rede social deve registrar pela primeira vez crescimento de receitas em anúncios.
Essa é a segunda boa notícia para a rede social, que voltou a valer US$ 44 bilhões, o mesmo preço pago por Musk, depois de ver o seu valor cair para menos de US$ 10 bilhões, redução de quase 80% sobre o valuation de 2022, provocado principalmente pelo afrouxamento das políticas de moderação da plataforma adotadas por Elon Musk.
Segundo dados da consultoria Emarketer, divulgados nesta quarta-feira, 26 de março, o faturamento do X com propaganda somente nos Estados Unidos deve alcançar US$ 1,31 bilhão, que significaria alta de 17,5%. No resultado global, o aumento deve ser de 16,5%, com receita de US$ 2,26 bilhões.
Em 2021, quando ainda era uma empresa de capital aberto, a plataforma reportou uma receita de anúncios de US$ 4,51 bilhões, o dobro do que deve ser registrado em 2025.
O retorno de anunciantes à rede social ocorre justamente no momento em que Musk amplia sua influência na política americana, a partir do momento em que foi alçado pelo presidente Donald Trump ao posto de diretor do Departamento de Eficiência Governamental dos Estados Unidos.
“Parte do crescimento deste ano também está sendo impulsionada pelo medo. Muitos anunciantes podem ver os gastos em X como um custo de fazer negócios para mitigar potenciais repercussões legais ou financeiras”, disse Jasmine Enberg, analista principal da Emarketer, em entrevista à Reuters.
Nesta alavanca de crescimento estão a entrada de contratos publicitários com pequenas e médias empresas, em uma clara mudança de postura da plataforma, que vinha relutando em atrair este público.
A exemplo do X, as empresas donas de redes sociais, como a Meta (detentora do Facebook, Instagram e WhatsApp) e a chinesa TikTok têm disputado uma fatia importante do mercado publicitário dos Estados Unidos, em um segmento que vem sendo impactado pelas tarifas comerciais de Trump e pelas incertezas econômicas do país.
Na segunda-feira, 24 de março, a corretora MoffettNathanson diminuiu sua perspectiva de crescimento da publicidade nos Estados Unidos em 2025, caindo de 6,9% para 5,8%, citando uma série de mudanças trazidas pelo novo governo.
“A onda de anúncios de tarifas e cortes de empregos federais criou uma incerteza maior para empresas e mercados”, afirmou a corretora.
Mas, se a tendência é de redução de anúncios nos Estados Unidos, a consultoria de inteligência de mercado Magna prevê que a receita publicitárias das empresas de busca e mídias sociais devem crescer 10%, chegando a um montante de US$ 293 bilhões em 2025, o que mostra o enorme caminho de crescimento para o X. Já as mídias tradicionais, como TV e veículos impressos, devem ter queda de 1% nas vendas de espaço publicitário.
E, se a empresa de Musk cresce mesmo com essa expectativa de circulação de menos recursos para a área publicitária de uma forma geral, a alta projetada para este ano ainda é distante do que o X reportou antes de mudar de mãos.
No ano passado, a receita publicitária do X caiu 28% em relação ao registrado em 2023, segundo números da Media Radar. Por outro lado, o número de anunciantes cresceu 15%.