Em um relatório de 46 páginas, a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou, sem restrições, a fusão da Petz com a Cobasi, que cria um gigante na área de produtos para pets, com um faturamento na casa dos R$ 7 bilhões.
A decisão ocorre uma semana depois de a mesma Superintendência-Geral identificar risco de concentração de mercado e solicitar um estudo econômico para avaliar a operação.
A justificativa da Superintendência-Geral para recomendar a aprovação da fusão é que os pequenos pet shops ainda representam uma fatia relevante do mercado, o que facilitaria a competição.
“A existência de entrada de pequenos pet shops e a constatação de baixa complexidade para abertura de pet shops indicaram serem baixas as barreiras à entrada. Ademais, apontou-se o crescimento acelerado do mercado e a expectativa de expansão”, informa um trecho do relatório.
Além disso, concorrentes como Petlove e grandes marketplaces, como Mercado Livre, Amazon, Magalu e Shopee, são capazes de manter a competição, na visão da Superintendência-Geral.
“Da mesma forma, a rivalidade exercida pelos agentes que atuam na franja dos mercados físicos e pelos marketplaces no mercado online reforça que há pressão competitiva e que incentiva as Requerentes (Petz e Cobasi) a repassarem aos consumidores os ganhos de eficiência”, acrescenta outra parte do relatório.
O relatório conclui que, dessa forma, “entende-se que há elementos que mitigam a probabilidade de exercício de poder de mercado e afastam os incentivos ao fechamento de mercado pelas Requerentes após a operação”.
Agora, concorrentes e conselheiros têm 15 dias para questionar parecer ou o caso fica definitivamente aprovado. Após a fusão, os acionistas da Petz terão 52,6% da nova companhia e os da Cobasi, 47,4%.
A Petlove, que estava relacionada como terceira interessada no processo do Cade, alegava que o acordo poderia enfraquecer a competição com players menores e marketplaces como Amazon e Mercado Livre.
Uma fonte com a qual o NeoFeed conversou, na semana passada, acreditava que era questão de tempo para o Cade aprovar a fusão da Petz com a Cobasi. “Se o Cade deu o sinal verde para a fusão entre Arezzo e Grupo Soma, por que não aprovaria a fusão entre a Petz e a Cobasi?”, afirmou essa fonte.
Em relatório divulgado na semana passada, o BTG Pactual não descartava que o acordo favoreceria a otimização das estruturas de custos da nova empresa, além de trazer algum poder de barganha com fornecedores.
O banco, contudo, fazia uma ressalva: “Vale ressaltar que a natureza altamente competitiva do mercado brasileiro (com o Mercado Livre e a Amazon intensificando seus esforços na categoria) pode impedir uma precificação mais eficiente”, escrevem os analistas.
O BTG Pactual também destacou que a Petz está sendo negociada com um múltiplo de 25 vezes o preço/lucro, em um cenário desafiador, o que justifica a sua recomendação neutra para o papel, com preço-alvo de R$ 5,00.
A Petz está avaliada em R$ 2 bilhões. Neste ano, suas ações (PETZ3) sobem 7,50% na bolsa brasileira