De companhia mais valiosa da Europa, a partir do sucesso mundial do Ozempic, a uma empresa que enfrenta sucessivos episódios de crises, passando por diminuição no faturamento até a queda do CEO global. Os problemas recentes da farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk seguem afetando os resultados da companhia.

Na segunda-feira, 23 de junho, a empresa anunciou o fim da parceria com a startup americana de telemedicina Hims & Hers, que havia sido celebrada em abril deste ano.

O rompimento da aliança foi motivado, segundo a farmacêutica, pelo descumprimento da healthtech em interromper a venda de cópias fracionadas do Wegovy, medicamento para tratar obesidade que usa a semaglutida como princípio ativo, após o fim do prazo dado pelo FDA, até maio, para comercialização desses medicamentos durante a escassez do produto nos Estados Unidos.

Em uma publicação na rede social X, o CEO da Hims & Hers, Andrew Dudum, acusou a Novo Nordisk de tentar controlar os padrões clínicos da empresa para direcionar os pacientes da empresa.

“Nós nos recusamos a ser pressionados pelas exigências anticompetitivas de qualquer empresa farmacêutica que infrinjam a tomada de decisão independente dos provedores e limitem a escolha do paciente”, diz Dudum, ao informar que a empresa vai continuar a vender o Wegovy de forma fracionada para tratar os pacientes.

A Hims cresceu devido à demanda pelos medicamentos mais baratos, o que fez com que as ações da empresa tivessem valorização nos últimos meses. Com o rompimento, no entanto, as duas companhias despencaram na bolsa.

Na Nyse, os papéis da healthtech registraram queda de 34,65% somente no pregão de segunda, 23. Isso significa dizer que a empresa perdeu, em apenas um dia, um terço de seu valor de mercado. A Hims está avaliada em US$ 9,4 bilhões.

No caso da Novo Nordisk, a queda na bolsa dos Estados Unidos foi de 5,5%. O market cap da companhia farmacêutica europeia é de US$ 234,9 bilhões.

A alegação da empresa de telemedicina para seguir comercializando as doses fracionadas da semaglutida é de que as vendas são permitidas quando os pacientes precisam de uma dose que a empresa não fornece. O FDA, no entanto, vetou a continuidade da venda.

A Hims comercializa as doses a partir de US$ 165 por mês. Segundo a empresa, cerca de 8 milhões de adolescentes americanos vivem com obesidade.

Segundo Jailendra Singh, analista da Truist Corporation, o fim da parceria pode afetar durante a credibilidade da Hims & Hers a longo prazo. A healtech havia anunciado que o acordo de colaboração com a Novo Nordisk fazia parte de um plano para atingir US$ 6,5 bilhões em receita até 2030.

“Com a parceria aparentemente encerrada, anteciparíamos um declínio no tráfego e um impacto adverso nos negócios de composição da Hims”, diz Jailendra à Reuters, observando que as parcerias da Novo com LifeMD e Ro, rivais da Hims & Hers, não foram afetadas.

Um porta-voz da Novo Nordisk informou à agência que seus outros parceiros de telemedicina fizeram esforços e praticaram iniciativas de boa-fé para transferir pacientes de cópias do Wegovy para a opção original, comercializada pela marca.

“Após mais de um mês de colaboração, a Hims & Hers Health não cumpriu a lei que proíbe vendas em massa de medicamentos manipulados sob o falso pretexto de personalização e está disseminando marketing enganoso”, diz o representante da farmacêutica.

Em maio, a companhia da Dinamarca anunciou a saída de Lars Fruergaard Jørgensen, justamente em meio à crise enfrentada pela empresa fabricante de Wegovy, Ozempic e Rybelsus. Segundo a empresa, ele permanece na função até a transição efetiva para o novo líder da empresa.

Em setembro de 2023, a empresa assumiu o topo como a companhia mais valiosa da Europa, ao ultrapassar, na ocasião, o grupo de luxo LVMH. No entanto, em março deste ano, a farmacêutica perdeu o posto para a empresa alemã de software SAP.

Por outro lado, a farmacêutica americana Eli Lilly vem ganhando terreno sobre a Novo Nordisk, principalmente pelo sucesso global do medicamento Mounjaro, também uma caneta emagrecedora, mas que tem como princípio ativo a tirzepatida, considerada mais eficiente que a semaglutida. A empresa dos Estados Unidos tem valor de mercado de US$ 730,3 bilhões.