Dona de 272 tanques de graneis líquidos em três berços públicos e um privativo no Porto de Santos, a companhia Ageo Terminais anunciou a conclusão da captação de R$ 154 milhões em debêntures incentivadas.

Os recursos da 5ª emissão da empresa serão destinados para pagamento de despesas relacionadas ao projeto de infraestrutura da companhia, que inclui a expansão de área portuária do terminal.

No local serão construídos mais 12 tanques para armazenamento de líquidos, o que representa um volume adicional de 58 mil metros cúbicos (m³) ao maior terminal portuário da América Latina. Isso representa uma expansão de 11% na capacidade de armazenagem da empresa, hoje de 520 mil m³.

“Como maior operador de granéis líquidos do Porto de Santos, não tínhamos mais capacidade de atender nossos clientes e decidimos aumentar nossa capacidade. E entendemos que a debênture incentivada oferecia o melhor balanço entre custo e prazo para realizar essa ampliação”, diz Ricardo Wiering de Barros, diretor administrativo-financeiro da Ageo Terminais, em entrevista ao NeoFeed.

“Os recursos levantados serão 100% usados na nossa obra e vão resultar em um aumento de R$ 100 milhões na receita bruta e R$ 88 milhões na receita líquida da companhia”, complementa.

A obra de expansão teve início em junho do ano passado e deve ser concluída até dezembro, o que significa que a nova área deve começar a operação em 2026, quando começará a impactar no balanço financeiro da empresa.

Responsável por 37% da capacidade de armazenagem e 50% da movimentação dos terminais de líquidos no Porto de Santos, a Ageo alcançou em 2024 receita líquida de R$ 196,9 milhões, alta de 13% em comparação com o ano anterior. O lucro líquido registrado foi de R$ 46,2 milhões.

Para 2025, a empresa prevê um aumento de 10% na receita da companhia, o que deve levar para pelo menos R$ 216 milhões, levando em conta a mesma capacidade atual. Somada à perspectiva de crescimento com os 12 novos tanques, a receita da Ageo em 2026 deve ser superior a R$ 300 milhões.

A ampliação da capacidade de estocagem a vai contribuir para que a Ageo siga com a estratégia de garantir píer disponível para a atracação do navio, evitando a cobrança de demurrage (taxa cobrada pela estadia excessiva de uma embarcação, quando ultrapassa o prazo estabelecido em contrato).

“Como fizemos investimentos nessa área, hoje a espera é zero para nossos clientes, sem essa cobrança extra. Ter píer disponível é muito importante. No caso de nossos concorrentes, os clientes ficam sujeitos à essa taxa, o que onera a operação”, afirma Barros.

A emissão das debêntures da Ageo foi realizada pelo Itaú BBA, e contou com assessoria dos escritórios de advocacia Mattos Filho Advogados e Lefosse Advogados. O prazo é de 12 anos, com início semestral de pagamento de juros. As parcelas sobre o valor principal serão pagas no 10º, 11º e 12º aniversários da operação financeira.

Segundo Barros, a empresa realiza, ainda neste mês, o pagamento da última parcela da 4ª emissão de debêntures, realizada em 2019, no valor total de R$ 36 milhões, também para implementação de tanques.

A Ageo iniciou suas operações em 2024 com 100% de sua capacidade contratada com contratos take-or-pay - cláusula contratual em que o comprador se compromete a pagar por uma quantidade mínima de um produto ou serviço, mesmo que não o utilize integralmente.

Com capital 100% nacional, a companhia é controlada pela Empresa Brasileira de Terminais e Armazéns Gerais (EBT). Entre as operações mais realizadas pela companhia em Santos estão a importação de produtos químicos, de diesel e a exportação de etanol. No ano passado, a Ageo movimentou 1,61 milhão de toneladas de granéis líquidos.

A concessão da área pública, por parte do governo federal, foi concedida à Ageo em 2001, mas a empresa somente começou a operar em 2004. Pelo contrato vigente com a Autoridade Portuária de Santos, responsável pela gestão do porto, a concessão vai até 2041.