Em mais um sinal de que os M&As de assessorias de investimentos voltaram ao radar, a Fatorial Investimentos, escritório carioca fundado por Jansen Costa, Octavio Bastos, Rodrigo Cabral e Pablo Langenbach, fechou a incorporação dos ativos da Golf Invest, apurou o NeoFeed.
Com o negócio, a Fatorial passa a deter R$ 4 bilhões sob custódia – a Golf Invest, fundada por Sean Butler, somava cerca de R$ 750 milhões sob custódia. Procurada, a Fatorial, credenciada à XP Investimentos, não quis comentar.
A Fatorial Investimentos conta com aproximadamente 8 mil clientes e tem presença no Rio de Janeiro e São Paulo e conta com uma equipe de mais de 40 profissionais.
A consolidação da Golf pela Fatorial segue o caminho de outras que já ocorreram neste ano, como aquisição de Sirius pela Davos, Únimo e CMS Invest pela Blue3, e a fusão da SWM com a Acqua-Vero, indicando que o mercado voltou a ficar aquecido para esse tipo de transações.
A AAWZ, consultoria e boutique de fusões e aquisições, mapeou a movimentação do mercado de escritório de investimentos. No primeiro semestre deste ano, aconteceram, ao menos, dois deals por mês, mais que o dobro do que no ano passado.
Na projeção da AAWZ, considerando os mandatos de aquisições em andamento e o tamanho do caixa disponível no mercado, entre janeiro deste ano e junho de 2026, há potencial para aproximadamente 40 aquisições, consolidando entre R$ 50 bilhões e R$ 75 bilhões de custódia. Descontando os negócios que já ocorreram são quase 30 mandatos de M&A na praça.
Quando se pega uma janela maior de tempo, o crescimento em um semestre mostra como a temperatura desse mercado aumentou. Entre agosto de 2023 e de 2024, ocorreram cinco M&A com encerramento de CNPJ (completamente efetivados) e 14 movimentações parciais, ou seja, o CNPJ anterior foi mantido, mas houve mudança de 50% do time de uma assessoria para outra, segundo um levantamento da consultoria.
Entre o terceiro trimestre de 2020 e o segundo trimestre de 2024 - sempre considerando casas com, no mínimo, 10 assessores, ocorreram, em média, quatro operações de fusão e aquisição.
Neste momento, a diferença não está apenas em um volume maior: há um novo perfil de transações. Se antes o foco estava na junção de pequenas e médias assessorias para ganharem musculatura, hoje a movimentação é de grandes operações investidas pelas corretoras ou com grande caixa absorvendo as pequenas - um movimento para ganhar mercado rapidamente.
Para Filipe Medeiros, CEO e fundador da AAWZ, os donos de operações menores entenderam que os valuations desse mercado mudaram. Agora, é preciso deixar a operação mais eficiente para alcançar os mesmos valores de cinco anos atrás, o que vem destravando os negócios.
“O mercado mudou. Não há mais espaço para estruturas que não geram lucro, que não conseguem formar novos profissionais ou que não ampliam sua prateleira de produtos para seguros e wealth planning", diz Medeiros. "A incapacidade de se adaptar vira custo, e quanto mais tempo passa, mais a empresa perde valor.”
Do lado dos grandes players e consolidadores, há uma corrida para fechar bons deals antes dos concorrentes. Quem tem caixa, pode buscar os melhores ativos e "comprar" eficiência.
“Hoje, há liquidez e apetite para aquisição, mas o caixa é finito. Quem não quiser colocar sangue e suor nos próximos cinco anos para melhorar sua operação tem uma janela de 24 meses para fazer negócio”, afirma o CEO e fundador da AAWZ.