Os investidores reagem com euforia ao resultado do segundo trimestre da Sabesp, com a companhia liderando as altas do Ibovespa no pregão de terça-feira, 12. No início da tarde, as ações da empresa de saneamento avançavam próximo de 10% na bolsa, sendo negociadas a R$ 122. Mais cedo, os papéis chegaram a R$ 122,99, estabelecendo uma nova máxima histórica.

Em balanço do segundo trimestre divulgado na noite anterior, a empresa registrou um lucro líquido de R$ 2,14 bilhões, 76,6% acima do mesmo período do ano passado. O resultado foi puxado tanto pela linha da receita, que superou as estimativas do mercado ao subir 32,8% para R$ 8,96 bilhões, quanto pela redução de 19% dos custos operacionais para R$ 2,03 bilhões.

A forte melhora de resultado ocorreu cerca de um ano após a companhia ter sido privatizada pelo Estado de São Paulo, confirmando a tese de muitos analistas de ganho de eficiência operacional. Desde o início de julho do ano passado, mês de sua privatização, a Sabesp subiu cerca de 63% na bolsa, elevando seu valor de mercado para R$ 84 bilhões.

“Os custos com pessoal, serviços, materiais e energia ficaram todos melhores do que o esperado, mostrando que as iniciativas de redução de custos da companhia continuam a gerar surpresas positivas”, afirmam analistas do BTG Pactual em relatório.

Como parte do plano de privatização, a companhia tem acelerado os investimentos para ampliar o acesso à água potável e ao tratamento de esgoto. Para expandir sua infraestrutura, a Sabesp registrou R$ 3,08 bilhões em custos com construção no trimestre, um aumento de 142% na comparação anual. No semestre, o investimento feito nessa vertente foi de R$ 5,67 bilhões, 117% maior que no primeiro semestre de 2024.

Mesmo com o custo maior de construção, o menor gasto operacional e o aumento de receita mais do que compensaram, resultando em um crescimento do Ebitda de 29,4% para R$ 3,89 bilhões – cerca de 10% acima do consenso de mercado.

O volume faturado no trimestre cresceu 4% – 2% de aumento de consumo e 1,5% de novas economias, sendo que em 12 meses a companhia fez 161 mil novas ligações. Analistas do Citi disseram em relatório que, embora o volume tenha ficado abaixo do esperado, o melhor mix tarifário sustentou a receita operacional.

“Provavelmente foi um resultado do sucesso da companhia em revogar descontos antes concedidos a grandes consumidores", escreveram os especialistas do Citi.

Analistas do BTG também abordaram o melhor mix tarifário, destacando a redução do gap entre o que a Sabesp efetivamente arrecada e o que a regulação permitiria arrecadar. Esse gap histórico é explicado por descontos concedidos a grandes clientes e consumidores com tarifa subsidiada.

Mas nem tudo foi comemorado no relatório. Um dos pontos de atenção, segundo analistas do BTG, foi o aumento das perdas estimadas com inadimplência, que teve um salto de 172%, encerrando o período em R$ 195 milhões.

A projeção do banco era de uma inadimplência de R$ 113 milhões. No semestre, a perda estimada pela Sabesp foi de R$ 342 milhões, 80% acima do mesmo período de 2024.

Maior empresa de saneamento do país, a Sabesp tem figurado entre as principais escolhas do mercado, em meio à expectativa de que a companhia ganhe maior eficiência operacional com a privatização. De 12 recomendações de bancos e corretoras colhidas pela plataforma RocketTrader, 9 são de compra.

Entre os analistas que recomendam a compra das ações da Sabesp estão os do Citi e do BTG, com respectivos preços-alvo de R$ 134 e R$ 138. Em alta nesta terça, os papéis acumulam valorização de 38% no ano. O valor de mercado da companhia é de R$ 83,5 bilhões.