O Itaú Unibanco investiu 40% mais em tecnologia na última década e agora promete acelerar os ganhos de eficiência. No Itaú Day, realizado nesta terça-feira, 2 de setembro, os principais executivos da instituição financeira defenderam que chegou a hora de colher os frutos desses investimentos.
Segundo o CEO Milton Maluhy Filho, eficiência é um tema central para o banco, está sempre no radar e, agora, os investimentos começam a trazer resultados. Mas destacou que o assunto não é o principal guia do Itaú, afirmando que o banco não deixará de investir para não “hipotecar o futuro da organização”.
“Passamos por um período importante de investimentos e vamos entrar em uma etapa relevante agora de captura de valor de todos esses investimentos que foram feitos”, disse Maluhy Filho. “E eficiência é a palavra de ordem aqui dentro do banco, sempre foi, mas com produtividade.”
A expectativa é que a inteligência artificial e todo o investimento tecnológico elevem ainda mais os patamares de eficiência “nos negócios onde eficiência realmente é um driver importante para a competição”, disse Maluhy.
"Na medida em que avançamos, o índice de eficiência do consolidado também tem de ter impacto. Sempre olhando receita, sempre olhando despesa, mas nunca renunciando ao investimento no longo prazo", afirmou Maluhy Filho.
No evento, o CFO do Itaú, Gabriel Moura, destacou como os investimentos tem se traduzido em eficiência. Além do investimento em tecnologia, que aumentou 40% em uma década, o índice de eficiência caiu de 49% para 39% – aqui, quanto menor, melhor.
“Se olhar novamente esses dez anos, vejo que o custo total do banco, na mesma base deflacionada, caiu 12%”, afirmou Moura. “O índice de eficiência melhorou dez pontos percentuais. O ROE se manteve, mas o banco foi capaz de crescer muito mais, sendo hoje muito mais competitivo e muito mais escalável.”
Esse indicador se transforma em uma vantagem competitiva na disputa por market share no setor bancário brasileiro. Enquanto o Itaú celebra um índice de eficiência de 39%, seus principais concorrentes ainda operam em outros patamares: o Bradesco, por exemplo, fechou o segundo trimestre deste ano com índice de 44,8%, e o Santander Brasil com 42,1%. De novo: aqui, quanto menor, melhor.
Para Pedro Moreira Salles, copresidente do conselho de administração do Itaú Unibanco, esses resultados demonstram a capacidade adaptativa do banco, gerando uma vantagem competitiva para seguir relevante num mercado em transformação.
"Ser contemporâneo é fundamental e o banco busca isso", disse. "Nós melhoramos com esses novos entrantes, com novas formas de olhar para o cliente, de abordar o cliente. Acredito que o banco hoje é um banco melhor do que ele era há 10 ou 15 anos atrás."
A aposta na IA
Junto com a defesa dos investimentos, os executivos apontaram que o Itaú possui uma agenda de revisão da estratégia de custos, em que a tecnologia é aliada.
“São mais de 500 casos internos de uso de inteligência artificial generativa, com foco em eficiência, produtividade, modelagem de riscos, além de, obviamente, toda a interação com os nossos clientes”, afirmou Maluhy. “Queremos crescer, mas, para isso, temos que ser sustentáveis.”
Um segmento que deve ver a eficiência crescer graças a esses investimentos é o varejo. Com a tecnologia, a unidade liderada por André Rodrigues pretende avançar na digitalização dos clientes, passando a depender menos das agências bancárias.
“Temos uma ambição de, em dois ou três anos, ter aproximadamente 75% de todos os nossos clientes atendidos em modelos que são digital only, digital first ou full remote”, afirmou o responsável pela área de pessoa física, varejo e seguros do Itaú. “Hoje, isso representa menos de 15%. Em dois ou três anos, essa é a nossa ambição.”
O avanço nesse atendimento digital pode ser visto no One Itaú, o superapp do banco. O banco já migrou 10 milhões de clientes para a plataforma de full bank, vendo um aumento de 25% em seu uso, resultando em oportunidades de cross-sell de produtos a clientes pessoas físicas que tinham relacionamento com o Itaú por meio de apenas um produto. O objetivo é migrar outros 5 milhões até o fim do ano.
Segundo Roberto Setúbal, copresidente do board do Itaú, esses avanços estão conectados à história do sistema financeiro e do Itaú, sempre na vanguarda tecnológica. "A tecnologia não só barateia custos e possibilita uma ampliação do atendimento bancário, da inclusão e, portanto, da ampliação do número de clientes, mas também a qualidade do serviço vai melhorando muito", afirmou.
Em relatório, os analistas do BTG Pactual afirmam que, se o Itaú conseguir entregar um plano de eficiência mais agressivo, o banco poderá reinvestir parte do excesso de capital e elevar o múltiplo P/BV, na casa de 1,5 vez no ano passado, possibilitando a reprecificação das ações.
Por volta das 14h09, as ações preferenciais do Itaú caíam 1,29%, a R$ 38,28. No ano, os papéis acumulam alta de 37,7%, levando o valor de mercado a R$ 380 bilhões.