Na briga entre BTG Pactual e o Digital Colony para saber quem vai levar a InfraCo, a operação de fibra óptica da Oi, um negócio de mais de R$ 20 bilhões, o fundo gerido pelo banco de André Esteves saiu na frente.
A Oi vai comunicar ao mercado, ainda nesta quinta-feira, 4 de fevereiro, que assinou um acordo para negociação exclusiva com o BTG, que está na disputa através do Fundo de Investimento em Participações (FIP) Economia Real, apurou o NeoFeed com fontes próximos ao negócio.
Essa era a data limite da proposta do fundo gerido pelo BTG. Além da instituição financeira, o fundo americano Digital Colony, que é dono da empresa de torres Highline e do data center Scala, também fez uma proposta pelo ativo da Oi.
Com esse acordo de exclusividade, o BTG tem 30 dias para ajustar os detalhes do negócio. As conversas podem ser prorrogadas por mais 30 dias.
A expectativa é, ao fim das tratativas, ganhar o direito a ser o stalking horse do leilão judicial que deve acontecer em até 90 dias. O termo, que significa “cavalo perseguidor”, refere-se a prática de garantir que o escolhido possa cobrir a melhor oferta do leilão e vencer a disputa.
Segundo apurou o NeoFeed, o fundo do BTG Pactual fez uma oferta que avaliou a operação de fibra óptica acima de R$ 20 bilhões, que era o preço mínimo pedido pela Oi. Ao contrário das outras vendas, na quais se desfez de 100% do ativo, a Oi vai manter uma fatia minoritária na InfraCo.
A operadora colocou à venda 51% das ações ordinárias. O comprador terá de pagar um preço mínimo de R$ 6,5 bilhões, assumir dívidas de R$ 2,4 bilhões. Isso sem contar os investimentos necessários para ampliar a rede de fibra óptica, estimados em R$ 20 bilhões ao longo de pelo menos quatro anos.
A proposta do BTG Pactual, por 51% das ações ordinárias, é bem detalhada. O executivo Amos Genish, ex-CEO de GVT, Telefônica/Vivo e Telecom Italia, será o chairman da empresa, caso o BTG vença a disputa.
O BTG chegou, em sua proposta, a detalhar quem assumirá como CEO e CFO a InfraCo, e a esboçar um acordo de acionistas para ser proposto para Oi, caso seja o vencedor da disputa judicial.
A empresa que vencer o leilão judicial da InfraCo vai ser dona de uma das maiores operações de fibra do Brasil. Trata-se de uma rede que conta 400 mil quilômetros de fibras ópticas, que já alcança 2,2 mil cidades no País.
No começo de dezembro, a Oi divulgou dados sobre a sua operação de fibra óptica em uma estratégia que muitos do mercado interpretaram como um recado aos interessados na InfraCo. Em 2020, a rede de fibra da Oi quase triplicou o número de assinantes e atingiu a marca de 2 milhões de clientes. No ano passado, tinha apenas 700 mil clientes. Em 2018, 100 mil.
Esse é o quarto ativo que a Oi está leiloando em seu processo de reestruturação para por fim a recuperação judicial, sob o comando do executivo Rodrigo Abreu.
A divisão de torres foi vendida para a Highline, em um negócio de pouco mais de R$ 1 bilhão. A área de data center foi comprada pela Piemonte Holding por R$ 325 milhões. Os dois leilões judiciais aconteceram em 26 de novembro.
Em dezembro foi a vez de a Oi vender a sua operação móvel por R$ 16,5 bilhões para TIM, Vivo e Claro. A Highline, controlada pelo Digital Colony, fez oferta pelo ativo e chegou a entrar em negociação exclusiva com a Oi, mas perdeu o negócio para o consórcio de teles.