Enquanto aguarda a aprovação de sua fusão com a Hapvida pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o grupo Notre Dame Intermédica segue reforçando, ainda em “carreira solo”, a onda de consolidação no setor de saúde

A empresa anunciou na manhã desta segunda-feira, 7 de junho, que chegou a um acordo para a aquisição de 100% das ações do Centro Clínico Gaúcho (CCG Participações), em negociação fechada por meio de sua subsidiária BCBF Participações e que marca sua entrada no mercado do Rio Grande do Sul.

Segundo informou a Notre Dame, em fato relevante, o preço da transação foi fixado em R$ 1,06 bilhão, que será pago à vista, em dinheiro, descontados o endividamento líquido e uma parcela retida para contingências.

De acordo com o grupo, o valor representará um múltiplo implícito estimado de 9,8 vezes o ebtida em 2022, quando consideradas as sinergias planejadas. Após a conclusão do acordo, que depende de aprovação do Cade e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a Notre Dame passará a deter uma participação de cerca de 13,6% na região metropolitana de Porto Alegre.

Fundado em 1991, em Canoas (RS), o Centro Clínico Gaúcho é, de acordo com o comunicado, uma das principais operadoras verticalizadas com um portfólio de planos de saúde, planos odontológicos e serviços relacionados no mercado do Rio Grande do Sul.

Desde 2019, a empresa tem como sócio o fundo de private equity Kinea. Com a entrada do parceiro, a empresa vem investindo em sua expansão regional e reforçando sua oferta com foco em planos de saúde para o segmento corporativo.

Com um faturamento de R$ 371 milhões em 2020, a empresa tem uma carteira de 175 mil beneficiários, dos quais 80% são relacionados justamente ao segmento corporativo, especialmente na região metropolitana da capital gaúcha. O centro tem ainda 4,7 mil beneficiários de planos odontológicos.

Hoje, a rede própria do Centro Clínico Gaúcho é formada por 20 centros clínicos, 13 unidades de coleta de análises clínicas e o Hospital Humaniza, inaugurado nesse ano em Porto Alegre. A unidade conta com 110 leitos e tem potencial para dobrar essa capacidade.

Avaliada em R$ 52,4 bilhões, a Notre Dame Intermédica fechou o primeiro trimestre de 2021 com 3,7 milhões de beneficiários em saúde e 2,7 milhões em planos odontológicos. No período, a receita líquida da companhia cresceu 13,4%, para R$ 2,9 bilhões.

A aquisição anunciada hoje é mais uma peça na série de acordos que vem dando o tom do mercado brasileiro de saúde nos últimos meses. E que ganhou novos movimentos, de grandes players, na semana passada.

Na terça-feira, 1º de junho, três grandes nomes do setor anunciaram aquisições. Uma das mais ativas nessa frente, a Rede D’Or fechou a compra do Hospital Serra Mayor, em São Paulo, em uma transação de R$ 130 milhões.

O grupo Fleury, por sua vez, anunciou a compra dos laboratórios Pretti e Bioclínico, ambos com atuação no Espírito Santo. Pelos dois ativos, a empresa deve desembolsar R$ 193,1 milhões e R$ 122 milhões, respectivamente.

O maior acordo anunciado na data, no entanto, foi do grupo Dasa, que fechou a aquisição do Hospital da Bahia, de Salvador, por R$ 850 milhões.