A relação da Mosaico, dona dos sites de comparação de preço Buscapé, Zoom e Bondfaro, com o BTG Pactual sempre foi próxima. Tanto que o banco de André Esteves era dono de 13,31% da empresa.
O BTG Pactual estava também por trás da Bcash, wallet digital do Mosaico, da plataforma de cashback e da entrada da companhia em cartão de crédito, a partir deste mês de outubro.
Agora, a relação se torna umbilical. O Banco Pan, controlado pelo BTG Pactual, está comprando a Mosaico, em uma operação de troca de ações, na qual os acionistas do Mosaico podem ficar com uma fatia que pode variar de 7,8% até 9,2%, dependendo de determinadas condições. O Banco Pan vale R$ 20,8 bilhões.
O prêmio é de 27% sobre o valor da ação da Mosaico de sexta-feira, quando fechou cotada a R$ 12,62, mas pode chegar a 43% se as ações do Pan atingirem R$ 24 (atualmente, elas estão cotadas a R$ 17,31) no período de 30 meses por três pregões seguidos.
Mesmo assim, o prêmio significa um prejuízo de quase 15%, no pior caso, e de menos de 10%, no melhor cenário, para os investidores que entraram no IPO da Mosaico, em fevereiro deste ano. Na ocasião, as ações começaram a ser negociadas a R$ 19,80.
A informação de que Banco Pan e Mosaico estavam negociando foi publicada em primeira mão pelo colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, neste domingo, 3 de outubro. Por conta disso, o anúncio do negócio acabou sendo antecipado.
Com a aquisição da Mosaico, o Banco Pan acelera sua estratégia de marketplace. “Banking e varejo estão cada vez mais se aproximando”, diz Carlos Eduardo Guimarães, o Cadu, CEO do Banco Pan, ao NeoFeed. “Tínhamos o plano de lançar um marketplace e vamos, agora, acelerar essa história.”
De acordo com Cadu, o Pan passará a contar com diversas ferramentas de varejo, como comparador de preço, alertas de preço e ferramentas de crediário digital sem a necessidade de precisar desenvolver internamente.
Guilherme Pacheco, chairman da Mosaico, vai ganhar um assento no conselho do Banco Pan. José Guilherme Pierotti, outro sócio da companhia, será responsável pela estratégia de e-commerce do banco controlado pelo BTG Pactual.
“Vimos uma oportunidade de integrar os dois mundos (banking e varejo) e chegamos à conclusão que fazer isso dentro de uma empresa integrada gera mais valor aos usuários”, afirmou Pierotti, ao NeoFeed.
O negócio precisa ser aprovado pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e pelo Banco Central. A expectativa é que esses trâmites demorem de 90 dias a 120 dias.
Com a transação, o Banco Pan fica com uma companhia que estava sendo questionada na bolsa, por conta da dificuldade de entregar o que havia prometido na sua abertura de capital em fevereiro deste ano.
No segundo trimestre deste ano, o GMV da Mosaico caiu 17,2% para R$ 902 milhões e o número de visitas aos seus sites despencou 51,3% em comparação ao mesmo período do ano passado. Ao mesmo tempo, o mercado questionava a estratégia de M&A do Mosaico, que era considerada lenta.
Desde a abertura de capital, a empresa havia feito apenas uma aquisição, a da Vigia de Preços, o que frustrou muitos investidores. As ações caem 36,2% desde o IPO. A Mosaico vale atualmente R$ 1,6 bilhão.
A Mosaico, dona dos principais sites de comparação de preço do Brasil, tentava implementar uma estratégia de cashback e de serviços financeiros, seguindo os passos do Méliuz, na ponta de uma empresas tech, e do Banco Inter, do lado de serviços financeiros e marketplace.
“Esse é um mercado muito concorrido e a Méliuz tem feito essas implementações mais rápido”, disse Bruno Rosolini, analista do setor de tecnologia da Genial, em recente entrevista ao NeoFeed.
A compra da Mosaico é a segunda aquisição do Banco Pan em menos de um mês. Em setembro, a instituição comprou 80% da Mobiauto para consolidar sua presença em financiamento de autos também no universo digital.