Em 2018, a montadora sueca Volvo Cars, controlada pela chinesa Geely, traçou o roteiro para a sua abertura de capital. O plano foi suspenso, porém, pouco tempo depois. Diante das tensões comerciais entre Estados Unidos e China, a empresa temia não alcançar o valuation esperado, de US$ 30 bilhões.
Três anos depois, a companhia acaba de concluir esse percurso, ao abrir capital na Nasdaq Estocolmo, na Suécia. E logo na largada, deu sinais de que, mesmo não alcançando a meta projetada em 2018, tem fôlego para ganhar tração junto aos investidores.
Nesta sexta-feira, em sua estreia no mercado de capitais, as ações da Volvo Cars, estavam sendo negociadas a 65,08 coroas suecas perto das 17h (horário local), alta de 22,8% em relação ao preço estabelecido no IPO, de 53 coroas suecas, valor que foi fixado no piso da faixa indicativa da oferta.
A montadora captou 20 bilhões de coroas suecas (US$ 2,3 bilhões), cifra que ainda pode subir para 23 bilhões de coroas suecas (US$ 2,6 bilhões) caso a opção de um lote suplementar for exercida. Com o desempenho na estreia, o valor de mercado da empresa saltou de US$ 18 bilhões para US$ 23 bilhões.
O valor atual está bem próximo daquele que a Polestar, fabricante sueca de carros elétricos que tem a Volvo Cars entre seus investidores, deve alcançar por meio de uma fusão com a Gores Guggenheim, uma SPAC (special purpose acquistion company), que deve avaliar o ativo em US$ 20 bilhões.
Um detalhe chama a atenção, no entanto, nessa comparação. Enquanto a Volvo Cars vendeu mais de 661 mil carros em 2020, a Polestar comercializou apenas 10 mil. Com uma pequena diferença: todas as unidades da startup eram carros elétricos.
De olho no futuro do setor, os veículos elétricos são cada vez mais valorizado pelos investidores, vide o caso da Tesla. Já há um bom tempo, a companhia de Elon Musk é a montadora mais valiosa do mundo, o que tem provocado uma verdadeira corrida entre as rivais tradicionais para ocuparem esse espaço.
“Nós costumávamos estar nessa segunda turma, mas estamos indo rapidamente para o outro lado”, afirmou Bjorn Annwall, CFO da Volvo Cars, ao jornal britânico Financial Times. “Entregamos nosso plano para a eletrificação, temos boas perspectivas de sairmos vencedores e esperamos ser avaliados de acordo com isso.”
Entre os nomes tradicionais da indústria, a Volvo Cars tem, de fato, os planos mais avançados nesse segmento, com a meta de ter o seu portfólio 100% em carros elétricos até 2030. Ambição à parte, a jornada promete ser longa. Hoje, esses veículos representam apenas 3% das vendas da empresa.
Desde 2019, a empresa só produz carros híbridos e elétricos. E, dentro dessa estratégia, a também tem investido na transição para um formato de vendas diretas aos clientes, um modelo que é bastante adotado pelas montadoras que oferecem apenas os veículos dessa categoria.
Enquanto busca acelerar esse novo trajeto, no primeiro semestre, a Volvo Cars reportou uma receita líquida de 141,1 bilhões de coroas suecas no primeiro semestre, alta de 26,3% na comparação anual. No período, as vendas cresceram 41%, para 380,7 mil unidades.