O Spotify é mais uma empresa disposta a aproveitar o barulho causado pelas NFTs, os tokens não-fungíveis que estão ganhando cada vez mais espaço no mercado de tecnologia. A empresa sueca tem planos para adicionar a tecnologia em sua plataforma de streaming.

Segundo o jornal britânico Financial Times, a intenção da empresa comandada por Daniel Ek é usar as NFTs como uma forma adicional de aumentar a renda dos artistas que disponibilizam suas músicas na plataforma.

Por ora, sabe-se apenas que o Spotify está recrutando profissionais para trabalhar em projetos relacionados à Web3, termo utilizado no mercado de tecnologia para se referir às aplicações que envolvem o uso de blockchain e uso massivo de tokens digitais, como as NFTs.

As vagas não trazem muitas informações essas funções. Em uma delas, voltada à contratação de um engenheiro, o anúncio diz que se trata de uma equipe pequena e responsável por impulsionar o crescimento por meio de novas tecnologias, como a Web3.

Em outra vaga, para o posto de gerente, o candidato deve ter experiência em “indústrias de conteúdo, criador, mídia, Web3 e tecnologia emergente”. Isso seria necessário para ajudar a definir o “Spotify Moonshots”, um termo utilizado pela companhia sueca para novos projetos.

A entrada no mercado de NFTs também significaria mais um passo na diversificação dos negócios do Spotify, com o objetivo de aumentar sua base de assinantes. A companhia encerrou 2021 com 180 milhões de assinaturas de ativas no mundo.

Para isso, uma das apostas iniciais envolveu os podcasts, que se tornaram fenômenos de audiência no streaming. Mas nem tudo são flores. Recentemente, a companhia enfrentou uma polêmica com artistas como Neil Young, que ameaçaram tirar suas músicas do serviço por conta dos comentários antivacina de Joe Rogan, um dos principais podcasters da plataforma.

Em novembro do ano passado, a companhia expandiu o catálogo para a reprodução de audiolivros com a compra da Findaway, distribuidora de livros em formato de áudio. Segundo o Spotify, este mercado tem potencial de movimentar US$ 15 bilhões em 2027.

O movimento mais recente do Spotify não teve relação com o seu portfólio, mas com o aumento da exposição de sua marca. A companhia terá seu logo exibido na camisa do clube espanhol Barcelona e ainda vai atrelar o nome ao estádio do time, o Camp Nou, em um acordo estimado entre € 280 milhões e € 300 milhões pela duração de quatro anos.

O som das NFTs

O Spotify não é a única gigante da tecnologia com planos de entrar na dança dos NFTs. Nomes como Facebook, Twitter e Reddit já demonstraram interesse em criar recursos para exibir ou negociar NFTs dentro de suas plataformas. A intenção é explorar um mercado que movimentou US$ 17,7 bilhões no ano passado.

Ainda que a maior parte das NFTs comercializadas até o momento tenha sido relacionada a obras de arte visuais, jogos e colecionáveis, de acordo com o rastreador de mercado Nonfungible.com, o setor musical já está dando seus passos nessa indústria.

Artistas como a cantora canadense Grimes e a banda americana Kings of Leon já comercializam tokens não-fungíveis de suas músicas. Gravadoras como Warner e Universal também já firmaram parcerias com projetos nessa área.

Mais recentemente, o rapper Snoop Dogg comercializou seu último álbum em formato de NFT. Além do acesso às faixas, os compradores garantem vantagens como ingressos para shows e festas particulares “incluindo, possivelmente, churrascos na casa de Snoop Dogg”, e até joias.

Das 25 mil unidades colocadas à venda por US$ 5 mil cada, ao menos 8 mil foram vendidas num intervalo de cinco dias, o que garantiu uma receita de US$ 44 milhões, sem contar uma possível valorização do token cujo preço flutua como uma ação negociada em bolsa.

Parte do interesse do Spotify na tecnologia estaria ligada a essas movimentações do mercado, que podem ameaçar o futuro de seu negócio, com uma saída em massa dos artistas, o que empobreceria os catálogos e afastaria os ouvintes.

Startups como Royal e Catalog, por exemplo, já comercializam NFTs criadas por músicas e apresentam o negócio como um modelo mais lucrativo do que o streaming para os artistas, que ganham frações de centavos a cada reprodução de suas músicas em plataformas como o Spotify, algo que já irritou até mesmo o ex-Beatle Paul McCartney.