Agora é oficial. O Twitter acaba de confirmar que aceitou a proposta de aquisição de 100% das suas operações por Elon Musk. O martelo foi batido justamente pelo que o bilionário chamou, há exatos 11 dias, de sua “melhor e final oferta” pela rede social.
Na prática, com o acordo, Musk desembolsará US$ 54,20 por ação do Twitter, o que avalia a operação em cerca de US$ 44 bilhões. Após a conclusão da transação, a companhia fechará seu capital e se tornará uma empresa privada.
“A liberdade de expressão é a base de uma democracia em funcionamento e o Twitter é a praça pública digital onde são debatidos assuntos vitais para o futuro da humanidade”, afirmou, em nota, Musk.
O bilionário acrescentou: “Também quero tornar o Twitter melhor do que nunca, aprimorando o produto com novos recursos”, disse. “O Twitter tem um tremendo potencial – estou ansioso para trabalhar com a empresa e a comunidade de usuários para desbloqueá-lo.”
Já Bret Taylor, presidente do conselho independente do Twitter, destacou que a oferta foi cuidadosamente avaliada pelos membros do board. “A proposta vai entregar um prêmio substancial em dinheiro e acreditamos que esse é o melhor caminho para os acionistas”, afirmou.
O valor por ação representa um prêmio de 38% em relação ao preço de fechamento das ações do Twitter em 1º de abril deste ano, último dia de negociação antes da divulgação de que Musk havia comprado, em 14 de março, uma fatia de 9,2% da empresa.
No pregão desta segunda-feira, 25 de abril, a cotação das ações do Twitter subia 6,06%, para US$ 51,90, por volta das 15h37 (horário dos Estados Unidos) minutos depois de a empresa confirmar a transação.
O tamanho do interesse de Musk no Twitter equivale às polêmicas que o bilionário, dono de uma fortuna de US$ 259 bilhões, alimentou ou mesmo se envolveu por meio da rede social. Em 2018, por exemplo, ele afirmou que considerava fechar o capital da Tesla quando as ações da empresa chegassem a US$ 420,00.
Por conta desse tuíte, a Securities and Exchange Commission (SEC), a CVM americana, abriu uma investigação contra Musk, sob a alegação de que ele teria cometido fraude e manipulação de mercado.
O bilionário acabou fechando um acordo com a SEC, no qual foi condenado a pagar uma multa de US$ 40 milhões e foi obrigado a aceitar que todas as suas postagens no Twitter fossem revisados antes de serem publicados na plataforma.
Em outra confusão envolvendo o Twitter, também em 2018, Musk chamou um dos mergulhadores que resgataram crianças de uma caverna na Tailândia de pedófilo, após ter sua proposta de enviar um minissubmarino para ajudar na operação criticada como um “golpe publicitário”.
Nessa segunda-feira, no Twitter, a notícia da aquisição dividiu opiniões. O nome de Elon Musk estava entre os temas mais comentados pelos usuários brasileiros da rede social. Parte dos “fãs” do bilionário exaltou que o acordo representa a vitória da liberdade de expressão, já que a plataforma teria banido personalidades como o ex-presidente americano Donald Trump por supostamente publicar fake news.
Já aqueles usuários contrários e críticos ao acordo afirmam que Musk poderá justamente incentivar a disseminação de notícias falsas por meio da plataforma.
Para João Finamor, professor de marketing digital do MBA da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), apesar do discurso sobre liberdade de expressão, a perspectiva é de que pouca coisa irá mudar, de fato, no Twitter. Ao menos no curto prazo.
“O Elon Musk é super ‘marketeiro’ e o fato dele estar na plataforma vai mais fortalecer ele do que qualquer outra coisa”, diz Finamor. “Mais do que tudo, a ideia é gerar mídia para que ele fature, inclusive, com suas outras empresas.”
Na avaliação do professor da ESPM, isso não significa que o Twitter não será beneficiado sob a alçada de Musk. “Apesar dos riscos por sua postura excêntrica e polêmica, entre prós e contras, o Twitter tem muito mais a ganhar do que perder com Musk. A empresa terá, no mínimo, mais visibilidade.”
Colaborou Ivan Ryngelblum