Quem não acompanhou de perto a onda pontocom do fim dos anos 1990 e começo dos anos 2000, talvez não conheça a história do Yahoo, que chegou a ser uma das mais poderosas empresas de internet de seu tempo.
Fundada pelos americanos David Filo e Jerry Yang, em 1994, a companhia praticamente criou o mercado de buscas a partir de um diretório que reunia os principais sites da web.
Com o passar do tempo, o Yahoo cresceu, diversificou seus negócios e perdeu completamente o passo da inovação, sendo superado por Google e Facebook, duas empresas que havia tentado comprar no passado.
Em 2008, o Yahoo recusou uma oferta de compra de US$ 45 bilhões feita pela Microsoft. Na época, já eram claros os sinais de decadência. Mas Yang, que havia voltado a atuar no dia-a-dia do portal de internet, acreditava que poderia fazer a companhia voltar aos bons tempos. Não conseguiu.
Em 2016, a empresa de telefonia Verizon, que era dona do portal AOL, outro símbolo da era pontocom, comprou os ativos de internet e de publicidade do Yahoo, em um negócio de US$ 4,8 bilhões, uma ínfima fração do que a Microsoft teria proposto pagar oito anos antes.
É difícil não relembrar essa história quando se olha para o Twitter. A rede social nunca decolou como seus pares, a exemplo de Facebook e Instagram. E nunca foi uma sensação, como é hoje o TikTok.
O número de usuários mensais ativos cresce de forma lenta. Em 2015, o Twitter teve uma média de 305 milhões de usuários ativos mensais. Em 2021, ela estava em 396,5 milhões. Seus rivais superam a casa de 1 bilhão de usuários ativos mensais.
Ao longo do tempo, se tornou a plataforma favorita de políticos, como o republicano Donald Trump, e de diversas empresas de mídia. Mas nunca chegou a ser a rede social preferida de marcas e celebridades.
Do ponto de vista de negócios, suas ações dobraram de valor em relação ao preço do IPO, em 2013, que foi de US$ 26. Mas os papéis da Meta (ex-Facebook) multiplicaram por quase cinco desde a abertura de capital em 2012 – e a empresa de Mark Zuckerberg está longe de estar em sua melhor forma. A Alphabet, holding que controla o Google, viu suas ações valorizarem-se 2.400% desde o IPO, em 2004.
Ao receber uma oferta de Elon Musk, o conselho de administração do Twitter relutou e pareceu que iria oferecer resistência à oferta hostil do bilionário dono da Tesla e da SpaceX.
Chega a ser quase irônico que a proposta, de US$ 44 bilhões, que acabou sendo aceita, seja apenas US$ 1 bilhão inferior a que a Microsoft ofereceu ao Yahoo há 14 anos.
Ao aceitar a proposta, os acionistas do Twitter tentam evitar o enredo do Yahoo. E assim não ser vendido depois por uma fração ínfima, como a companhia fundada por David Filo e Jerry Yang.