Pelo menos desde 2014, quando lançou o meio de pagamento digital Apple Pay, a Apple já dava pistas de que seu objetivo no longo prazo seria encontrar uma maneira de concentrar todas as transações financeiras em um produto que levasse o logo da maçã mordida.
Nesta semana, a companhia avançou neste plano de forma bem discreta e com o Apple Cash, o cartão digital lançado pela companhia ainda em 2018 para movimentar dinheiro entre os usuários.
Lançada nesta semana, a atualização 15.5 do iOS, o sistema operacional do iPhone, vai permitir que os usuários do Apple Cash possam fazer cobranças e realizar o envio de dinheiro diretamente pela Wallet, carteira digital do iPhone. O valor é debitado do cartão Apple Cash que o usuário cadastrou na Wallet.
Inicialmente, o Apple Cash necessitava que as transações fossem realizadas apenas através do aplicativo de conversação Messages. Por ora, o serviço está disponível somente nos Estados Unidos e pode ser utilizado no iPhone, no Apple Watch e no iPad.
É importante não confundir o Apple Cash com o Apple Card. O primeiro funciona quase que como um cartão de débito, em que o usuário carrega um valor e realiza transações como pagamentos e transferências.
O Apple Card, lançado em 2019 em uma parceria com o Goldman Sachs, segue os moldes de cartões de crédito convencionais e tem uma versão física feita de titânio. Segundo dados da consultoria Cornerstone Advisors, mais de 6,4 milhões de usuários nos Estados Unidos já utilizam o cartão.
A Apple vem mostrando que está cada vez mais interessada em embarcar no mercado financeiro. Em outro esforço, a big tech vem se movimentando no segmento de “buy now, pay later” – o bom e velho “crediário” que movimentou mais de US$ 100 bilhões nos EUA em 2021.
Nos últimos meses, o foco tem sido o mercado europeu, tanto para o crediário como para o cartão de crédito. A prova foi a compra da fintech britânica Credit Kudos, que atua com open banking, por US$ 150 milhões numa transação realizada em março deste ano.
Fundada em 2015, a startup é especializada em score de crédito e compete diretamente com empresas como Equifax, Experian e Transunion. O serviço permite que as emissões de cartões possam ter informações financeiras mais precisas dos solicitantes – algo válido para uma companhia que quer explorar novos mercados.
Avaliada em quase US$ 2,4 trilhões e com receita de US$ 97,3 bilhões no último trimestre, a Apple não especifica quanto ganha com a divisão de serviços financeiros e soma o valor com assinaturas de serviços como Apple Music e iCloud. No total, os serviços da Apple renderam US$ 19,8 bilhões em seu segundo trimestre fiscal.