Não é novidade que o maior temor dos bancos tradicionais é a entrada das big techs no mercado financeiro. E a Apple, companhia avaliada em US$ 2,77 trilhões na bolsa, vem trabalhando para se consolidar nesse mercado usando a sua enorme capilaridade e poder de fogo.

Além de sua carteira digital Apple Pay, a companhia lançou, em 2019, o seu cartão próprio nos Estados Unidos, o Apple Card, em parceria com o Goldman Sachs. Segundo os dados mais recentes da consultoria Cornestone Advisors, a empresa da maçã teria 6,4 milhões de usuários de seu cartão nos EUA.

A big tech também tem se movimentado para surfar no segmento “buy now, pay later”, o bom-e-velho crediário que está ganhando tração no mercado americano, onde movimentou US$ 100 bilhões, em 2021, US$ 80 bilhões a mais do que em 2020. Não à toa, suas ações subiram recentemente por conta disso.

Agora, a Apple estaria se preparando para intensificar o buy now, pay later na Europa e até lançar o seu cartão de crédito no Velho Continente. De acordo com a CNBC, a companhia comprou a fintech britânica Credit Kudos, que atua no segmento de open banking, por US$ 150 milhões.

Especializada em score de crédito, a empresa fundada em 2015 compete em um mercado povoado por empresas como Equifax, Experian e Transunion. Por meio de tecnologia e o consentimento dos usuários, ela consegue definir o score dos consumidores e, com isso, dar informações mais precisas para empresas de crédito.

Ao adquirir a companhia, Apple passa a ter um cenário mais claro da situação financeira dos europeus para poder oferecer tanto o cartão como o serviço de “crediário”. Nos últimos tempos, bandeira de cartões passaram a olhar as fintechs de open banking com lupa.

No ano passado, a Visa comprou a sueca Tink por US$ 2,5 bilhões. A Mastercard, por sua vez, comprou a dinamarquesa Aiia, que também atua no open banking. A fintech mais valiosa da Europa é focada no segmento de buy now, pay later. Trata-se da sueca Klarna, avaliada em US$ 45 bilhões.

O interesse da Apple no mercado financeiro é cada vez maior e isso pode ser explicado em números. Afinal, companhia não quer depender apenas da venda de seus devices. No último trimestre fiscal da companhia, as vendas de iPhone atingiram US$ 71,6 bilhões.

Em segundo lugar veio a divisão de serviços, onde também se encaixam o cartão e a Apple Pay, com receitas de US$ 19,5 bilhões. Depois, aparecem wearables e acessórios com US$ 14,7 bilhões; Mac, com US$ 10,8 bilhões; e iPad com US$ 7,2 bilhões.