No início deste ano, quando a Hapvida obteve o parecer positivo do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a fusão com o Grupo NotreDame Intermédica (GNDI), cresceram as expectativas no mercado sobre a operação, anunciada em fevereiro de 2021.
As perspectivas para a nova empresa resultante da transação seguem otimistas. Antes de capturar essas sinergias, a Hapvida terá que enfrentar, porém, um cenário nada favorável no curto prazo. Essa é a avaliação contida em um relatório divulgado nesta terça-feira pelo Credit Suisse.
No texto assinado pelos analistas Mauricio Cepeda e Pedro Caravina, o banco suíço mantém a recomendação de outperform (acima da média do mercado) para o papel. Mas rebaixa o preço-alvo da ação da empresa de R$ 16,70 para R$ 9,50.
“Após a fusão com a GNDI, a amortização de intangíveis e a contabilização dos programas de opções de ações provavelmente irão afetar significativamente os resultados”, escreve a dupla de analistas do Credit Suisse, que complementa:
O relatório também destaca que, na frente operacional, os tíquetes estão abaixo da inflação e dos sinistros, afetando negativamente o lucro bruto necessário para cobrir as despesas gerais e administrativas, ainda pré-sinergias, e o elevado nível de despesas financeiras.
“Acreditamos que essa tendência desfavorável possa persistir nos próximos trimestres, dado o caráter anual dos reajustes de preços dos contratos, pressionando os ganhos no curto prazo, mas não afetando a tese de longo prazo”, acrescentam os analistas.
No primeiro trimestre de 2022, entre outros dados que desagradaram o mercado, a Hapvida reportou um índice de sinistralidade de 72,9%, contra 61,1%, um ano antes, além de uma redução orgânica de 64 mil vidas no número de beneficiários de saúde da base da operação.
Já o tíquete médio registrou uma queda de 4,2%, para R$ 196,08, o que foi atribuído pela empresa ao reajuste negativo de 8,19% nos planos de saúde individuais, promovido pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Entre janeiro e março, a Hapvida apurou um prejuízo líquido de R$ 182 milhões, contra um lucro líquido de R$ 151,8 milhões divulgado um ano antes. A receita líquida cresceu 108,4%, para R$ 4,8 bilhões.
As ações da empresa, avaliada em R$ 38,3 bilhões, recuavam 2,89% na B3 por volta das 11h10 dessa terça-feira. No ano, os papéis acumulam uma desvalorização de 48,1%.