Mais de 30 fintechs abriram o capital na bolsa americana desde 2020, aproveitando-se do boom de ofertas públicas e do apetite dos investidores por ativos de tecnologia, segundo levantamento da CB Insights.
Em um sinal dramático da correção dos valuation de ativos techs, essas fintechs listadas em bolsa nos Estados Unidos perderam quase US$ 500 bilhões em valor de mercado, quando se considera o pico que suas ações atingiram.
Desde o começo deste ano, as ações dessas fintechs listadas caíram em média mais de 50%, de acordo com uma análise do Financial Times. O Nasdaq Composite, no mesmo período, desvalorizou-se 29%.
Em 2022, a capitalização das fintechs erodiu US$ 156 bilhões. Mas se o valuation que evaporou for medido a partir da alta histórica, o valor que “sumiu” foi de US$ 460 bilhões.
A corretora Robinhood, que já chegou a valer US$ 45 bilhões, em abril de 2021, agora está avaliada em US$ 7,1 bilhões. A exchange de criptomoedas Coinbase, que atingiu um valuation de US$ 70 bilhões, em maio do ano passado, agora vale US$ 11,7 bilhões. E o Nubank passou de US$ 47,5 bilhões, em fevereiro de 2022, para US$ 17,9 bilhões.
A pressão atingiu também empresas mais bem estabelecidas, como PayPal e Block (a antiga Square), que já perdem somadas quase US$ 300 bilhões em valor de mercado neste ano.
A correção já chegou ao mercado privado. A fintech sueca Klarna, que atua no segmento de “buy now, pay later”, captou US$ 800 milhões e viu seu valor despencar 85%. Antes, ela era avaliada em US$ 46 bilhões. Na nova rodada, aceitou um down round para US$ 6,7 bilhões.
E a Stripe, que é a fintech mais valiosa dos Estados Unidos, avaliada em US$ 95 bilhões, cortou em um quarto o seu valuation, segundo o The Wall Street Journal.
O que explica essa debacle? A lista inclui preocupação com o aumento das taxas de juros, falta de lucros e modelos não testados. Além disso, a economia americana e a global caminham para uma possível recessão, com impacto para essas empresas iniciantes.
Apesar desse cenário, as fintechs seguem no radar dos investidores. No primeiro semestre deste ano, os investimentos em startups atingiram US$ 2,9 bilhões no Brasil, uma queda de 44% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo o Distrito
Analisando os setores que mais receberam recursos nos seis primeiros meses deste ano no Brasi, as fintechs estão em primeiro lugar, com US$ 1,36 bilhão. As startups financeiras estão muito a frente das retailtechs (US$ 370 milhões) e das HRtechs (US$ 250 milhões).