Mesmo diante de cenário macroeconômico e financeiro desafiador no segundo trimestre, em que a combinação de juros em alta, guerra na Ucrânia e incerteza fiscal provocaram uma queda de 18% do Ibovespa, a XP conseguiu fechar o período com receita recorde e crescimento do total de ativos sob custódia, ainda que a captação tenha desacelerado. 

A receita bruta da companhia avançou 12% em relação ao mesmo período de 2021, para R$ 3,6 bilhões. Os ativos sob custódia cresceram 4%, na mesma base de comparação, para R$ 846 bilhões. Em termos ajustados, houve um crescimento de 18%, para R$ 731 bilhões.

“Esse trimestre foi um trimestre bem forte, principalmente quando se considera o cenário macro mega desafiador para o mundo de investimentos”, disse Bruno Constantino, CFO da XP, em entrevista. “O cenário continua desafiador, mas estamos felizes com o resultado, a resiliência do modelo de negócio e a sustentabilidade de nossas margens.”

A área de varejo, área principal da XP, teve um avanço de 14% na receita, para R$ 2,8 bilhões. No período, a divisão viu uma forte demanda por produtos de renda fixa, diante da alta da Selic, compensando as receitas mais baixas com ações e futuros. No lado institucional, a receita bruta expandiu 16% em base anual, para R$ 436 milhões. 

A captação líquida total recuou 43% em base anual no segundo trimestre, para R$ 43 bilhões, enquanto em termos ajustados reduziu-se 6%. Segundo Constantino, o desempenho sofreu com a marcação a mercado das ações, que se desvalorizaram no período por conta do contexto econômico. Ele destacou que, na comparação trimestral, a captação líquida ajustada cresceu 44%, ainda que sem ajuste houve recuo de 7%. b

“Nesse trimestre, a nossa plataforma recebeu uma média de R$ 14,3 bilhões por mês, comparado a uma média de R$ 9,9 bilhões no primeiro trimestre. Houve um incremento significativo na entrada líquida de recursos”, afirmou. 

Apesar do desempenho, ele disse que o ritmo de crescimento da XP no trimestre foi afetado pela situação do mercado e que a tendência é de que as circunstâncias atuais continuem pesando nos próximos trimestres. 

“A XP vai crescer a taxas diferentes num bull market comparado com um bear market”, disse. “O ano de 2022 será desafiador por completo, ele não vai mudar de forma relevante daqui até o final do ano.”

Investimentos

Os resultados da XP mostraram ainda que a margem Ebitda ajustada foi de 35,4%, queda de 5,84 pontos percentuais em base anual, em função de investimentos em novos negócios, que resultaram na contratação de pessoal e de tecnologia, passando integralmente pela linha de despesa. O Ebitda ajustado caiu 2%, para R$ 1,21 bilhão, enquanto o lucro líquido ajustado avançou 1%, para R$ 1,04 bilhão. 

Segundo Constantino, os investimentos devem começar a apresentar resultados mais relevantes a partir de 2023. Entre os investimentos sendo realizados pela XP estão a conta digital internacional e uma plataforma de negociação de criptoativos.

“São investimentos em negócios que vão escalar por muitos e muitos anos, não é negócio de um ano apenas”, disse. “Acreditamos ser importante investir para garantir a perpetuidade do nosso negócio.”

No segundo trimestre, a receita total das novas verticais, que inclui previdência, cartões, crédito e seguros, cresceu 113% em relação ao mesmo período de 2021, para R$ 264 milhões.

A carteira de crédito atingiu R$ 12,9 bilhões, um crescimento de 89% em base anual. Os cartões de crédito XP geraram R$ 5,5 bilhões em TPV (Total Purchased Value, da sigla em inglês) no segundo trimestre, crescimento de 161%.