Fundador do WeWork, Adam Neumann deixou a empresa em 2019, sob uma série de questionamentos sobre a governança da operação e a sua gestão. Avaliada em US$ 47 bilhões, a empresa era a grande estrela do portfólio do Softbank, mas viu seu IPO fracassar diante desses problemas e de perdas bilionárias. Nesse caldeirão, seu valuation também derreteu.
Entretanto, o empreendedor americano não saiu de cena no prejuízo, já que embolsou pouco mais de US$ 700 milhões em um acordo com os investidores na época. Agora, três anos depois, ele está de volta e mostra que não perdeu seu “talento” para atrair os grandes nomes da indústria de venture capital.
Em uma postagem nesta segunda-feira, 15 de agosto, Marc Andreessen, um dos nomes por trás da Andreessen Horowitz, gestora icônica do Vale do Silício, revelou que o fundo está investindo na Flow, nova empreitada de Neumann.
Andreessen ressaltou que a Andreessen Horowitz estava “animada” em fazer uma parceria com seus pares na Flow. Ele não revelou o valor do aporte na startup. Mas a divulgação veio acompanhada de uma série de elogios ao empreendedor.
“Adam é um líder visionário que revolucionou a segunda maior classe de ativos do mundo – os imóveis comerciais – trazendo comunidade e marca para um setor em que nenhum deles existia antes”, observou.
Na postagem, ele destacou que Adam e a história do WeWork foram exaustivamente narrados e analisados, “às vezes com precisão”. E ressaltou que, apesar de toda a energia colocada nessa cobertura, seu papel essencial em redesenhar o setor foi subestimado.
“Nós entendemos o quão difícil é construir algo assim e adoramos ver os empreendedores aproveitarem seus sucessos do passado e crescerem com as lições aprendidas”, escreveu. “Para Adam, os sucessos e as lições são muitas e estamos animados para seguir nessa jornada com ele e seus colegas construindo o futuro da moradia.”
Nessa direção, Andreessen disse que é natural que, em seu primeiro empreendimento desde o WeWork, Neumann retorne ao tema de conectar as pessoas por meio da transformação de seus espaços físicos e da construção de comunidades onde todos passam mais tempo: suas casas.
Na postagem, não há muitas informações, no entanto, sobre o modelo da Flow. Andreessen apenas ressalta que a proposta envolve “repensar toda a cadeia de valor”, o que inclui desde a forma como os edifícios são comprados e mantidos, até a maneira como os moradores interagem com os empreendimentos e a forma como os valores envolvidos são distribuídos entre as partes interessadas.
Em janeiro deste ano, uma reportagem do The Wall Street Journal mostrou que Neumann vinha aplicando parte dos recursos obtidos com a saída do WeWork para retornar ao setor de real estate. Entre outros movimentos, ele teria desembolsado mais de US$ 1 bilhão na aquisição de 4 mil apartamentos em cidades como Atlanta, Fort Lauderdale, Miami e Nashville.
De acordo com o jornal, a ideia por trás do investimento seria criar uma marca para atuar no segmento de locação de imóveis por temporada. Para isso, Neumann estaria recrutando executivos que o ajudaram a construir o WeWork.
Ao mesmo tempo, um dos planos passaria por plugar as ofertas da Alfred, startup da qual ele é um dos investidores, na plataforma da nova empresa. A Alfred tem um portfólio de serviços para prédios que inclui concierge, dog walkers e softwares de gestão, entre outros recursos.
Enquanto Neumann tenta traçar um novo caminho, o WeWork abriu capital em outubro de 2021 por meio de uma fusão com a BowX Acquisition, uma Special Purpose Accquisition Company (SPAC). No processo a empresa foi avaliada em US$ 8 bilhões. Hoje, a companhia está avaliada em US$ 4,3 bilhões.