Os resultados do primeiro turno das eleições mexeram com as expectativas do mercado, especialmente em relação às perspectivas de privatizações. Em São Paulo, a chegada do ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas ao segundo turno à frente do ex-ministro da Educação Fernando Haddad reavivou as esperanças da venda da participação do Estado na Sabesp.
Essa expectativa é compartilhada pelos analistas do Itaú BBA, que veem um aumento na probabilidade de a Sabesp se tornar uma companhia privada, o que resultaria numa valorização “maciça” das ações.
Diante desse contexto e considerando a nova estrutura de tarifas aprovada pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp) em abril do ano passado, os analistas Marcelo Sá, Fillipe Andrade, Luiza Candiota e Karoline Correia decidiram elevar o preço-alvo das ações da Sabesp.
A projeção para o papel passou de R$ 65,00 para R$ 74,90 e incorpora uma probabilidade de 50% de a companhia de saneamento ser privatizada.
Se a venda de fato ocorrer, os analistas estimam que a ação da Sabesp pode alcançar R$ 87,00, uma valorização de 50% em relação aos patamares atuais. E isso considerando um cenário conservador, com a companhia operando em linha com os níveis de exigências regulatórias.
Embora destaque que o processo de privatização é complexo, o Itaú BBA entende que o momento é favorável a esse tipo de operação, especialmente considerando a composição da Assembleia Legislativa. Os partidos de centro e de direita conquistaram 65 cadeiras, enquanto as legendas de esquerda elegeram 29 deputados estaduais.
“Para nós, quem conquistar a cadeira de governador terá de negociar com os deputados e prefeitos, oferecendo uma fatia do potencial ganho com a privatização para obter seu apoio”, diz trecho do relatório.
A privatização é um dos aspectos positivos da tese de investimento da Sabesp, segundo o Itaú BBA. Outro ponto, que já está tendo efeitos práticos, é a nova estrutura de tarifa aprovada pela Arsesp.
A nova metodologia, que revisitou a forma de cálculo da tarifa e a maneira como os custos vão ser incorporados nas contas de água da população, deve resultar em ganhos reais para a Sabesp nos próximos anos, de acordo com os analistas. A expectativa é de que as tarifas residenciais subam em 1,5% neste ano, 3% no próximo e 4,6% em 2024 acima da inflação.
Os analistas do Itaú BBA calculam que essa medida pode levar o Ebitda da Sabesp a totalizar R$ 9,8 bilhões em 2023, alta de 23,4% ante os R$ 7,9 bilhões previstos para este ano. Em 2024, o Ebitda pode atingir R$ 11,4 bilhões, um crescimento de 15,7% em relação a 2023.
“Nós esperamos crescimento robusto do Ebitda para os próximos anos por conta da revisão tarifária de 2021”, diz trecho do relatório. “O regulador adiou a alta da tarifa (em 2022), por isso a companhia deve ter reajustes de tarifas acima da inflação até 2024.”
Por volta das 13h11, as ações da Sabesp subiam 0,55%, a R$ 58,22. No ano, elas acumulam alta de 48%, levando o valor de mercado da empresa a R$ 33,8 bilhões.