O mercado foi surpreendido na terça-feira, dia 5 de outubro, quando surgiram informações de que o bilionário Elon Musk estava retomando sua oferta para comprar o Twitter por US$ 54,20 por ação, avaliando a rede social em US$ 44 bilhões.
Até então, muita gente achou que o negócio iria por água abaixo, depois que o bilionário dono da montadora de carros elétricos Tesla e da empresa de viagens espaciais SpaceX retirou sua proposta em julho.
Mas teve quem não acreditou que Musk iria, ou poderia, recuar. E agora, esses investidores estão prestes a ganhar centenas de milhões de dólares, caso Musk mantenha a intenção de fechar negócio.
No grupo dos que creem está o investidor ativista americano Carl Icahn. Ao longo dos últimos meses, ele estabeleceu uma posição de mais de US$ 500 milhões no Twitter, segundo fontes ouvidas pelo jornal The Wall Street Journal, comprando os papéis a um valor médio pouco acima dos US$ 30,00.
Considerando a alta de 22% que as ações do Twitter registraram na terça-feira, para US$ 52,00, Icahn teve um ganho de pouco mais de US$ 250 milhões.
Ao jornal britânico Financial Times, Icahn disse que nunca duvidou que o acordo seria finalizado. “É bem simples. Você consegue ver claramente que ele [Musk] quer a plataforma e, para mim, ele é capaz de bancar a compra”, afirmou.
Quem também acredita que o acordo entre Musk e Twitter sairá é o fundo de hedge ativista americano Pentwater Capital. Com US$ 5 bilhões em ativos sob gestão, ele comprou uma participação de 2,4%, cerca de 18,1 milhões de ações, no Twitter no segundo trimestre, de acordo com a CNBC.
Aos US$ 54,20 propostos por Musk na operação pelo Twitter, a fatia do fundo na rede social alcança US$ 980 milhões.
Na ocasião das compras, Musk estava criticando a empresa por supostamente mascarar a real dimensão de seus problemas com contas falsas e bots. Em 11 de julho, as ações da rede social recuaram para US$ 32,55, logo após o empresário anunciar a retirada de sua proposta.
“Em 23 anos de carreira fazendo isso [investindo no mercado], nunca vi um comprador deixar as negociações sem uma razão”, afirmou Matthew Halbower, fundador da Pentwater, à CNBC. “A probabilidade de ele [Musk] conseguir deixar o acordo é muito baixa.”
Para Halbower, apenas dois fatores abririam caminho para Musk rasgar a proposta – uma fraude nas demonstrações financeiras do Twitter e um evento material que mudasse o valor da companhia significativamente. No caso, nenhum desses itens está presente.
A Greenlight Capital foi outro fundo de hedge que aproveitou a queda das ações do Twitter no segundo trimestre para montar posição, pagando um valor médio de US$ 37,24 por ação.
Em carta aos investidores no começo de agosto, sem revelar o tamanho da posição que tomou, o fundador da casa, David Einhorn, disse que existe um potencial de alta de US$ 17,00 por ação caso o Twitter consiga fechar o acordo.
Quem já ganhou dinheiro com toda essa história foi a Hindenburg Research, com duas apostas vencedoras. Primeiro, a empresa especializada em pesquisa financeira forense operou vendido as ações do Twitter em maio, quando Musk começou a demonstrar que poderia desistir da compra.
Em seguida, passou a operar comprado, diante da premissa de que ainda havia esperança de que o empresário seguiria com a transação.
Quando saíram as notícias de que Musk estaria retomando sua oferta original, a Hindenburg vendeu toda a sua participação no Twitter. O fundador da empresa, Nathan Anderson, não quis revelar ao Financial Times quanto lucrou com as duas operações, dizendo apenas que estava “feliz de sair dessa montanha-russa”.