O ano de 2023 mal começou, mas a corrida para buscar a dianteira no mercado dos veículos elétricos, ainda em maturação, reforça o mote “Todos contra a Tesla”. É o que mostram algumas empresas que, apenas nos últimos dois dias, já engataram projetos nesse espaço.
Um dos nomes com novidades nessa largada do ano foi a chinesa BYD. Depois de superar a Tesla e fechar 2022 na liderança de vendas da categoria, a montadora está ampliando seu horizonte ao investir em novas frentes e segmentos de preço.
Nessa linha, a companhia anunciou na quinta-feira, 5 de janeiro, os primeiros modelos da sua marca premium, batizada de Yangwang, em um movimento que a coloca diretamente na disputa com outros rivais, como Mercedes-Benz, Audi e BMW, que também estão apostando nos elétricos.
Na chegada da nova marca, a empresa, que tem a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, entre seus investidores, apresentou o SUV U8 e o esportivo U9. Embora a BYD não tenha revelado valores exatos, a expectativa é a de que os dois modelos sejam vendidos na faixa de US$ 145,5 mil.
Para efeito de comparação, o Model Y, SUV da Tesla, é comercializado na faixa de US$ 42 mil. Entre outros atrativos, a BYD destacou que o U9 pode ir de zero a 100 quilômetros por hora em apenas dois segundos, enquanto o U8 leva três segundos para alcançar essa velocidade.
A nova marca é também parte da estratégia de expansão global da montadora e integra a meta da companhia de vender 4 milhões de veículos em 2023. Em 2022, a empresa vendeu 1,86 milhão de carros.
A Tesla, por sua vez, fechou o ano passado com um volume de 1,31 milhão de veículos vendidos. O patamar em questão representou um recorde para a empresa e um crescimento de 40% sobre 2021. Entretanto, ficou abaixo do salto de 50% projetado pela companhia para 2022.
Em paralelo ao novo percurso da BYD rumo aos modelos de luxo, quem já atua nesse segmento e também não está parada é a Mercedes-Benz. Na mesma quinta, 5, a montadora anunciou que investirá na estruturação de uma rede global de mais de 10 mil carregadores de veículos elétricos.
Os pontos de recarga são uma das questões críticas para que esse mercado ganhe escala. Nesse contexto, a Tesla afirma ter, atualmente, uma rede com mais de 40 mil pontos distribuída pelo mundo, sendo 16 mil nos Estados Unidos.
Segundo a Mercedes, sua rede começará a ser montada já em 2023 e terá como ponto de partida os mercados dos Estados Unidos e do Canadá. Os próximos pontos serão a Europa e a China. Até 2027, a estimativa é ter mais de 400 hubs na América do Norte, equipados com mais de 2,5 mil carregadores.
“Nossos clientes merecem uma experiência de carregamento que facilite a posse de um veículo elétrico e as viagens de longa distância. Não vamos esperar para ver para que isso seja construído. É por isso que estamos lançando uma rede global de ponta”, afirmou, em nota, Ola Källenius, presidente do Conselho de Administração do Mercedes-Benz Group.
Com um investimento previsto de pouco mais de € 1 bilhão apenas na rede localizada nos Estados Unidos, o plano é ter toda essa estrutura global concluída antes do fim da década, quando a montadora prevê migrar todo o seu portfólio para a categoria de elétricos, com um aporte de mais de € 40 bilhões.
A novidade foi divulgada durante a edição de 2023 da CES, um dos eventos mais importantes do mercado de tecnologia, realizado anualmente em Las Vegas. No dia anterior, outras duas grandes empresas também aproveitaram o evento para lançarem oficialmente um projeto no segmento.
A Sony e a Honda apresentaram o Afeela, primeiro modelo da Sony Honda Mobility, a joint venture constituída pelas duas empresas japonesas para avançarem na disputa dos carros elétricos e que havia sido anunciada em outubro de 2022, com um aporte inicial de 10 bilhões de ienes.
Entre outros recursos, o modelo, um sedã, trará 45 sensores, em um aparato que inclui radares, câmeras e sensores ultrassônicos. O projeto conta ainda com o apoio da Qualcomm e da Epic Games.
As duas companhias informaram que o Afeela que será produzido nas fábricas da Honda, nos Estados Unidos. A fase de pré-vendas terá início em 2025 e a chegada ao mercado americano está prevista para 2026. O preço do modelo não foi revelado.