Um dia depois de engrossar as estatísticas de empresas que estão promovendo cortes em suas operações, a PagSeguro está no centro de um relatório publicado nesta terça-feira, 17 de janeiro, pelo Credit Suisse.
Em linha com os sinais emitidos pelas demissões anunciadas na segunda-feira, na avaliação do banco suíço, a companhia brasileira de adquirência listada na Bolsa de Nova York tem pela frente perspectivas pouco favoráveis e desafiadoras.
Como parte dessa visão, o Credit Suisse está rebaixando a recomendação da PagSeguro, de outperform (acima da média do mercado) para neutra. Essa atualização está sendo acompanhada pela redução do preço-alvo da ação da companhia, de US$ 21 para US$ 11.
A nova estimativa traduz um potencial de valorização de 16% sobre a cotação no pregão de ontem. A ação encerrou o dia em US$ 9,45, em queda de 1,36%. Em 2023, a alta acumulada é de 8,1%. Já nos últimos doze meses, o papel registra uma desvalorização próxima de 58%. A empresa está avaliada em US$ 3,1 bilhões.
No relatório, os analistas do Credit Suisse citam uma série de componentes para justificar a revisão da PagSeguro. Em especial, a desaceleração no volume total de pagamentos (TPV) que atingiu o setor de adquirência nos últimos trimestres.
“Tal desaceleração parece ser decorrente do menor crescimento econômico, da inflação menor, do mercado de crédito restrito, da adoção crescente do Pix e de algum grau de amadurecimento do setor de adquirência”, escrevem os analistas Daniel Federle, Marcelo Telles e Victor Ricciuti.
Ao ressaltar que não enxerga mudanças drásticas nessa dinâmica no curto prazo, o trio reduz sua projeção de crescimento do setor de 17% para 12% em 2023. E, no caso da PagSeguro, a redução é de 23% para 14%, com uma projeção de “tímidos ganhos de market share”.
O banco também ressalta que a redução no preço-alvo da ação reflete um aumento de 50 pontos-base no custo de capital próprio da operação, para 17%, na trilha da perspectiva menos otimista para o TPV da companhia no ano.
Outros fatores incluídos nessa análise são o crescimento “mais suave” do PagBank e a elevação das despesas financeiras no curto prazo. Sob esse viés, os analistas também reduzem a projeção de lucro líquido de R$ 1,76 bilhão para R$ 1,5 bilhão em 2023.
Na linha da receita líquida, a estimativa de crescimento é de 10%. Já para o PagBank, a projeção aponta para uma receita nos patamares de 2022, em função das taxas de intercâmbio mais baixas para cartões pré-pagos a partir do segundo trimestre de 2023.
O número de demissões divulgado ontem pela PagSeguro se soma a esse cenário, a princípio, mais crítico para o negócio. Em comunicado, a empresa confirmou uma redução de cerca de 7% do seu quadro total de profissionais. Atualmente, a companhia conta com aproximadamente 7 mil funcionários.
Na nota, a PagSeguro observa que, assim como as empresas de tecnologia e fintechs no Brasil e no mundo, está fazendo alguns ajustes em sua estrutura, após “anos de crescimento contínuo” do seu time e com o objetivo de melhorar a eficiência da companhia. E complementa:
“O PagBank PagSeguro continua empenhado em sua missão de democratizar o acesso a serviços financeiros e soluções de pagamento no Brasil, oferecendo um ecossistema simples, seguro, acessível e digital a comerciantes e consumidores.”
Comunicado à parte, as ações da PagSeguro abriram o dia em forte queda na Bolsa de Nova York nessa terça-feira. Por volta das 10h04, horário local, os papéis estavam sendo negociados a US$ 8,89, uma baixa de 5,93%.