Com um rombo estimado em R$ 20 bilhões e dívidas de R$ 40 bilhões, a Americanas contratou uma especialista em reestruturar capital de empresas, dívidas e M&As para tentar colocar ordem na casa.
Em fato relevante, a Americanas confirmou que Camille Loyo Faria será a sua nova CFO. Ela estava à frente das finanças da operadora de telefonia TIM. Mas antes trabalhou na Oi, durante o processo de recuperação judicial da empresa, que tinha dívidas de mais de R$ 60 bilhões. Ela vai assumir o cargo na Americanas em 1º de fevereiro.
Segundo apurou o NeoFeed com pessoas que conhecem e trabalharam com Camille, a executiva tem bastante expertise em M&As, estruturação de capital e dívida.
“Ela tem uma capacidade única de estruturar operações complexas e gosta disso”, diz uma fonte que trabalhou com Camille na Oi. “É muito menos uma CFO operacional e muito mais uma CFO banker e de operações extraordinárias.”
Neste sentido, a tendência, segundo outra fonte que conhece Camille, é que ela chegue para não só reestruturar o capital da Americanas, bem como preparar a companhia para vender ativos.
Entre os ativos que a Americanas poderia vender, segundo essa fonte, está o Hortifruti Natural da Terra e os ativos do grupo Uni.co, que é dono das marcas Imaginarium e Puket.
“Ela ajudou nos M&As da Oi”, diz essa fonte. No caso da Oi, a companhia se desfez de diversos ativos em seu plano para sair da recuperação judicial, o que aconteceu no fim de 2022, levantando mais de R$ 30 bilhões.
Questionado se Camille é uma especialista em recuperação judicial, a fonte da Oi foi categórica. “Sem dúvida, ela desenvolveu uma boa expertise de recuperação judicial enquanto esteve por aqui.”
Enquanto não assume, a Americanas contratou o Rothschild & Co para atuar como interlocutor na renegociação da dívida no Brasil e no mundo.
A nova executiva, no entanto, já enfrentou processos na Comissão de Valores Imobiliários (CVM). Quando estava na Oi foi investigada por ter deixado de prestar informações ao mercado quando a operadora recebeu uma oferta de R$ 6,5 bilhões da TIM, Claro e Vivo.
Na TIM, o caso envolve falha na divulgação quando a Telecom Italia recebeu uma oferta pela subsidiária brasileira. Nos dois casos, ela fez um acordo com a CVM para encerrar os processos, pagando quase R$ 1,4 milhão.