A Solum Capital, gestora de private equity especializada em companhias de pequeno e médio porte, acaba de fazer um facelift em sua tese e está investindo em um dos principais nomes da indústria de cosméticos do País.
A empresa do Grupo Solum está realizando um aporte de até R$ 25 milhões na Anna Pegova, de olho no potencial do mercado de skincare, uma área que pode alcançar R$ 21,2 bilhões até 2025 no Brasil.
“Vínhamos estudando o setor de cosméticos há tempos”, afirma Donato Ramos, CEO da Solum Capital, ao NeoFeed. “E a Anna Pegova tem uma marca relevante no mercado, com bastante performance de produto, com margens altas, o que nos atrai como investidor.”
Atualmente, a Anna Pegova conta com 25 unidades para tratamentos e venda de produtos, sendo oito próprias e o restante franquias. Elas estão distribuídas em oito Estados, com São Paulo abrigando a maioria delas. Suas unidades vendem mais de 90 produtos e oferecem 25 serviços de estética. A companhia tem também um canal B2B para mais de 1,2 mil profissionais de estética e harmonização facial.
Com os recursos, o plano é aumentar a base de lojas para cerca de 100 pelo Brasil até 2027, apostando tanto em unidades próprias quanto franquias. A ideia é consolidar a Anna Pegova no Estado de São Paulo, avançando no interior do Estado, mas também aumentar a presença na capital paulista, bem como em cidades que também atua, como Belo Horizonte e Porto Alegre.
A expectativa é de que a expansão possa ajudar a companhia elevar seu faturamento para acima de R$ 330 milhões em 2027. Hoje, está na casa de R$ 50 milhões. "Chegamos em um ponto de maturação de negócio, com todos os canais com curvas de recorrência muito boas e entregando bons resultados”, diz Kevin Zehil, CEO da Anna Pegova.
A Anna Pegova e a Solum começaram a conversar em maio do ano passado, com as negociações sendo concluídas em dezembro. Com a injeção dos recursos, a gestora pode ficar com até 20% de participação societária, a depender do avanço do plano de investimentos.
O aporte na Anna Pegova é o sexto que a Solum Capital fez em pouco mais de três anos de existência. A gestora é parte do Grupo Solum, holding que desde 2018 reúne negócios complementares focados no desenvolvimento do mercado de ativos alternativos. Além da gestora, ele é dono da beegin, plataforma de investimentos alternativos, e da bolsa de startups BEE4.
Assim como a holding, o foco da Solum Capital são pequenas e médias empresas com faturamento anual na faixa entre R$ 10 milhões e R$ 150 milhões. A gestora é agnóstica em setores. Os cheques já assinados envolvem a Engravida, empresa de fertilização assistida que desenvolveu técnicas que tornam o serviço mais barato do que a média do mercado.
Outro investimento foi na Primasea, empresa que extrai uma alga chamada lithothamnium do fundo do mar e desenvolve produtos naturais destinados à alimentação de vegetais e animais.
Os cheques assinados variam de R$ 15 milhões a R$ 25 milhões. Os recursos vêm de um Fundo de Investimento em Participações (FIP) chamado FIP Solum I e foram levantados com family offices e investidores individuais. A captação foi iniciada em 2019 e já alcançou R$ 100 milhões, sendo que este montante já foi totalmente alocado.
O objetivo da Solum é captar mais R$ 40 milhões e agregar mais uma empresas ao portfólio e utilizar o excedente para follow ons. “O que buscamos no nosso processo de investimento é entender as vantagens competitivas daquela empresa e seu potencial de crescimento”, diz Donato.
Além dos aportes, a Solum se propõe a apoiar a gestão das companhias, assim como está fazendo com a Anna Pegova. Segundo Zehil, a escolha pela Solum se deu também pela experiência de varejo da casa.
Ex-sócio da Squadra, Donato liderou nos últimos anos o processo de expansão e governança de marcas como Mundo Verde, adquirida pelo empresário Carlos Wizard, em 2014. Ele também trabalhou com a Imaginarium e a Puket, compradas pela Americanas em 2021.
A expectativa é de que, com os recursos recebido da Solum, a Anna Pegova possa aproveitar ainda mais as boas perspectivas para o mercado de skincare no Brasil. Dados da Euromonitor International apontam que, de 2016 a 2021, as vendas da indústria de skincare local cresceram quase 40,8%, enquanto as vendas pelo mundo subiram 29,8% no mesmo período.
A consultoria calcula que o faturamento do segmento deve passar dos R$ 15,3 bilhões registrados em 2020 para quase R$ 21 bilhões em 2025. “Esse é um mercado em que o lifetime value (quanto um cliente gasta em produtos ao longo do tempo) do cliente é mais longo”, afirma Donato.
Enquanto a demanda por produtos no Brasil é alta, a concorrência no mercado de cosméticos e skincare no Brasil é bastante pulverizada. A Natura, maior nome do segmento, registrou uma participação de 22% de mercado em 2021, segundo a Euromonitor, seguido pela Nivea, com 10%.
“Existe espaço no mercado para players de nicho que tenham produtos com inovação e com posicionamento e modalidade de vendas diferenciadas”, afirma Alberto Serrentino, sócio da consultoria Varese Retail. “É um mercado muito aberto a novidades.”