Em mais uma etapa do processo para se reerguer do rombo de R$ 20 bilhões em sua operação que veio à tona em janeiro deste ano, a Americanas informou na noite da segunda-feira, 20 de março, que seu board aprovou o plano de recuperação judicial que será apresentado à Justiça e a credores.
Com uma dívida de R$ 42,4 bilhões e uma lista de 9,4 mil credores, o processo em questão teve início em 19 de janeiro, quando a varejista entrou com um pedido de recuperação judicial, em caráter de urgência, na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
Um dos pontos apresentados no plano, que ainda precisa passar pela aprovação dos credores, é um aumento de capital da ordem de R$ 10 bilhões, a ser realizado pelos principais acionistas da companhia, o trio formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira.
Entre outros componentes, o plano também recursos adicionais, de até R$ 3 bilhões, com a venda de ativos do grupo. O pacote inclui a fatia de 70% detida na Uni.Co, dona das redes Puket, Imaginarium e Love Brands; o Hortifruti Natural da Terra, negócio comprado em novembro de 2021; e até mesmo uma aeronave BEM-505, fabricada pela Embraer, em 2014.
A Americanas informou no fato relevante que irá usar até R$ 2 bilhões dos recursos provenientes das alienações de ativos para “maximizar” a redução de sua dívida remanescente. O objetivo é reduzir seu endividamento a mercado, pós-reestruturação, para R$ 4,9 bilhões.
Para os credores financeiros, classe que inclui categorias como bancos, além da participação no leilão de ativos, a ser realizado em até 60 dias após a conclusão do aumento de capital, o grupo formulou outras três alternativas.
As opções incluem a reestruturação de dívida a mercado, com a conversão dos débitos em ações; uma operação de reestruturação de dívida subordinada; e uma terceira modalidade que envolve a proposta de redução de 80% dos saldos remanescentes, pagos em apenas uma parcela, em março de 2043.
Em relação às outras classes de credores incluídas no processo, os credores trabalhistas e pequenas empresas serão os primeiros a receber, com pagamentos previstos em até trinta dias após a data de homologação do plano.
Já para os credores fornecedores, a varejista definiu três alternativas. Aqueles com créditos até R$ 12 mil serão pagos integralmente em até dias da homologação. O mesmo prazo vale para aqueles com crédito acima desse valor e que aceitem receber R$ 12 mil em troca da quitação total.
Para os fornecedores que se enquadram nessa última situação e optarem por não aderir a essa opção, serão pagos em 48 parcelas mensais, depois da aplicação de um deságio de 50% sobre o valor total dos créditos quirografários.