As recentes mudanças na legislação do mercado de benefícios estão fazendo com que as empresas do setor repensem seus negócios. Depois que a Alelo lançou um cartão de benefícios flexíveis e a Flash anunciou um plano para unificar seus produtos, agora chegou a vez da Caju trazer novidades. Para isso, a aposta está nos marketplaces.
Na quinta-feira, 15 de junho, a Caju anunciou a criação do Feirinha Empresas, marketplace destinado aos departamentos de RH. A ideia é oferecer novos canais de atendimento e descontos para as empresas na contratação de produtos relacionados a processos de recrutamento e seleção de talentos, análise de dados de remuneração, previdência privada, entre outros.
Tais serviços são oferecidos por parceiros da Caju. Por ora, a startup já estabeleceu acordos com companhias como Gupy (que opera na contratação de profissionais), Onze (voltada para previdência e saúde financeira de colaboradores), Comp (que faz a análise de dados de remuneração) e Salú (healthtech de saúde corporativa) e novos acordos estão em negociação.
“Queremos construir uma base mais sólida dentro dos clientes”, diz Eduardo Del Giglio, CEO e cofundador da Caju, ao NeoFeed. “A ameaça de uma empresa tomar meu lugar é maior se eu só fizer uma coisa.”
Em relação ao modelo de negócio, a Caju não vai cobrar taxas ou take rate dos serviços ofertados dentro de seu marketplace. Segundo a empresa, a estratégia é aproximar os clientes da Caju de serviços e produtos que os ajudem a ter uma gestão mais eficiente de seus negócios. Os parceiros, por outro lado, ganham um novo canal de divulgação e venda de seus serviços - e um desconto na negociação via plataforma.
Essa não é a primeira aposta da Caju no conceito de marketplace. No ano passado, a companhia lançou um marketplace chamado de Feirinha Caju. A diferença é que aquele era voltado para os colaboradores das empresas clientes da startup. Nele, os empregados podem usufruir de cupons e promoções de marcas como Buser, Liv Up, Masp, Cambly, Dominos, entre outros. Em média, a economia gira em torno de 10%.
Ao lado de Flash e Swile, a Caju aposta em um cartão de benefícios flexíveis para ser uma das novas entrantes no mercado de benefícios. Fundada em 2020 por Giglio e Renan Mendes, a startup atualmente conta com cerca de 21 mil empresas como clientes. Entre elas estão Braskem, Grupo Boticário, Votorantim, Dafiti, entre outras.
Além do cartão de benefícios flexível e dos marketplaces, a companhia também opera os serviços Caju Despesas, voltado para o controle de gastos corporativos; e Caju Mais, para prover acesso a plataformas como Gympass, Conexa Saúde e Psicologia Viva. Ambas as soluções já foram adotadas por cerca de 1 mil clientes de sua base.
De acordo com Giglio, há novos produtos que estão “no forno” e deverão ser lançados nos próximos meses, mas os planos ainda são mantidos em sigilo. “Queremos construir um ecossistema”, afirma o executivo.
Sem dimensionar o investimento na nova frente, Giglio diz que o negócio tem uma posição sólida. Questionado sobre planos para o breakeven, o executivo afirmou que o equilíbrio financeiro está em pauta, mas não para este ano.
Desde sua fundação, a Caju levantou mais de US$ 36 milhões em aportes de investidores como Valor Capital, K1 Investment Management, FJ Labs, Volpe Capital, Canary, Caravela Capital, entre outros. Por ora não há previsão para uma nova captação.
Um setor agitado pelas novidades
As novidades da Caju chegam em um momento aquecido do mercado de benefícios, que movimenta R$ 150 bilhões por ano. Apesar da chegada de novas empresas, o setor é dominado por Ticket, Alelo, Sodexo e VR. Uma mudança na legislação, no entanto, deve impulsionar a competição.
No começo de maio, a segunda fase do decreto 10.854/21 entrou em vigor e trouxe mudanças em relação ao Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). O decreto colocou fim ao rebate, uma prática que permitia que as empresas do setor fornecessem descontos às contratantes. “Essas mudanças que acabam com o rebate nivelam os players. A competição fica em pé de igualdade”, diz Giglio.
O rebate era uma prática comum e que acontecia quando as operadoras de benefícios ofereciam descontos no valor total dos contratos às empresas – principalmente de grande porte – no valor da aquisição dos benefícios. Em média, o desconto girava em torno de 2%.
Para que a conta fechasse para a operadora do benefício, a companhia então aumentava a comissão cobrada dos restaurantes que aceitavam seu cartão. Os restaurantes, por sua vez, aumentavam os seus preços. No fim, quem arcava com o custo era o próprio consumidor.