Cuidado onde pisa: o seu tênis, mesmo usado, pode valer centenas ou milhares de dólares. Avaliada em US$ 6 bilhões, a indústria de revenda de sneakers atingiu novos patamares com a recente transação concluída pelo empresário canadense Miles Nadal, que desembolsou US$ 437,5 mil para a aquisição do que se considera ser o único exemplar sem uso do modelo Nike Waffle Racing Flat "Moon Show" nesta semana.
Pouco antes, o milionário canadense, que é CEO da consultoria de investimento Peerage Capital, destinou outros US$ 850 mil para comprar 99 pares dos tênis mais raros do mundo, num leilão conduzido pela Sotheby's.
Nadal, dono também de uma extensa coleção de carros, pretende expor seu novo acervo de calçados no seu museu privado Dare to Dream Automobile Museum, localizado no Canadá. Os convidados poderão "apreciar" um par do Derek Jeter Air Jordans e outro do Nike Mags, tênis que "amarra" os cadarços automaticamente, inspirado no modelo exibido no filme De Volta Para o Futuro II, em 1989.
Para reunir exemplares tão raros e valiosos, a Sotheby's contou com a curadoria da Stadium Goods, fundada em 2015 por Jeb Stiller e John McPheters. A startup, que foi comprada pelo marketplace de artigos de luxo Farfetch, em 2018, por US$ 250 milhões, levantou mais de US$ 17 milhões em investimentos.
Com esse dinheiro, a marca conseguiu consolidar suas atividades online, de compra e revenda de artigos de streetwear novos e usados, e também estruturar sua presença em Nova York com uma loja física.
O crescimento da Stadium Goods mostra uma tendência na área de calçados: o surgimento de empresas especializadas em revender tênis considerados raros. Um dos exemplos é o GOAT Group, fundado em 2015. No ano passado, a empresa concluiu o processo de fusão com a rede de lojas físicas Flight Club. Com isso, captou US$ 60 milhões em uma rodada de investimento liderada pela Index Venture.
Neste ano, a varejista focada em calçados Foot Locker destinou US$ 100 milhões ao GOAT Group, num movimento descrito como "estratégico". Além das atividades online, a marca tem pontos de drop-off (algo como "entrega", em tradução livre) em Nova York e Los Angeles.
De todas essas startups, a StockX é a que tem ganho mais destaque - pelo menos dos investidores. Desde 2015, quando foi criada, ela já captou US$ 160 milhões de fundos de investimentos. Uma reportagem do site Recode informou que a StockX estava em conversas avançadas sobre uma nova rodada de investimento que a avaliaria em US$ 1 bilhão, tornando-a em um unicórnio, como são chamadas as empresas que valem pelo menos US$ 1 bilhão.
O empresário Josh Luber, um dos fundadores da companhia, disse em uma entrevista recente que existe uma parcela de consumidores que fazem dos tênis um investimento, calculando riscos e valorização.
"A maioria dos nossos usuários, porém, está apenas procurando um lugar seguro e confiável para comprar e vender sneakers que não estão mais disponíveis no mercado, para uso pessoal", afirmou Luber.
O empresário, que diz que tênis são e sempre serão mais valiosos que ouro (vendido, hoje, por US$ 45/grama), aplicou a lógica da bolsa de valores no mercado. "Queríamos usar o mesmo método de leilão de ações neste segmento. Por isso desenvolvemos um sistema que conecta compradores e vendedores de forma transparente, segura e autêntica, como se vê na Bolsa de Nova York", diz Luber.
O modelo de negócio da StockX parece ter agradado a todos. Depois de fechar, em setembro, sua última rodada de investimento de US$ 44 milhões, a empresa informou vendas diárias médias de US$ 2 milhões. Com o novo aporte, ela pretende usar os recursos para se expandir internacionalmente, aumentar seus centros de distribuição e ampliar as categorias de atendimento.
Com todo esse recurso, resta à StockX saber agora, sem trocadilhos, quais serão os próximos passos da concorrência.
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