Os resultados do último trimestre do Softbank surpreenderam o mercado. O conglomerado japonês reportou prejuízo de US$ 3,3 bilhões entre os meses de abril, maio e junho. Ficou abaixo da expectativa dos analistas, que era de lucro próximo de US$ 500 milhões no período.
Ainda que tenha terminado com prejuízo no segundo trimestre (também por conta da desvalorização do iene ante ao dólar), os resultados poderiam ter sido piores. Para efeito de comparação, o conglomerado japonês registrou perdas de mais de US$ 23 bilhões no mesmo período do ano passado.
O que mais chama a atenção, contudo, é que o Vision Fund registrou lucro de US$ 1,1 bilhão no período. Foi a primeira vez após cinco trimestres consecutivos que o principal fundo da gestora registrou retorno positivo no período trimestral. No último ano fiscal, os Vision Funds 1 e 2 registraram perdas de US$ 39 bilhões.
A alta foi impulsionada pelo desempenho de ações de empresas subsidiárias do grupo, como a britânica Arm. Segundo Yoshimitsu Goto, CFO do Softbank, a empresa voltou a fazer investimentos de forma cautelosa após reduzir os aportes em meio a um momento delicado do mercado de venture capital.
Um estudo recente aponta que as gestoras seguem com capital disponível para investir em seus fundos, mas decidiram adotar critérios mais rigorosos para alocar o dinheiro. Mesmo que com cheques mais baixos.
O radar do Softbank está voltado, agora, principalmente para empresas que operam com inteligência artificial (IA). “Estamos emergindo de forma cuidadosa e lenta de volta à atividade de investimento”, disse Goto na teleconferência de resultados. “Os investimentos que fizemos até agora foram considerados seletivamente e, ao mesmo tempo, mantendo o foco na tendência da IA.”
De acordo com o Softbank, somente o Vision Fund 2 ainda tem cerca de US$ 8 bilhões para novos investimentos – e que devem ser destinados principalmente para IA. Um movimento recente neste sentido foi o aporte na britânica Tractable.
Em julho, o conglomerado japonês liderou uma rodada de US$ 65 milhões na startup que utiliza inteligência artificial para avaliar danos a carros e propriedades para seguradoras.
A expectativa é de que a IA possa ajudar a reverter um cenário complicado do Softbank. Além das perdas em seu último ano fiscal, o conglomerado japonês sofreu um baque em maio. Na época, a S&P Global Ratings divulgou um relatório rebaixando o rating do Softbank de BB+ para BB e classificando o crédito de longo prazo do conglomerado japonês no nível "junk".