Dois meses após demonstrar cautela com a Lojas Renner, os analistas do Citi afirmam que chegou a hora de embarcar novamente na tese de investimento da varejista de vestuário.
Mesmo com a revisão para baixo do preço-alvo da ação, de R$ 25 para R$ 24, os analistas João Pedro Soares, Felipe Robredo e Sergio Matsumoto passaram a recomendar a compra de Renner - upside de, aproximadamente, 30% sobre o valor do papel. Eles enxergam uma boa relação entre risco e retorno e melhores perspectivas para o segundo semestre
“A ação é negociada a um P/L de 12,4 vezes para 2024, após os ajustes que fizemos na nossa tese, comparado com a média dos últimos três anos, de 22 vezes, e a média dos últimos cinco anos, de 24 vezes”, diz trecho do relatório. “Para nós, esta é uma boa relação entre risco e retorno para um nome de alta qualidade.”
Os analistas do Citi avaliam ainda que o pior passou para a Renner, destacando as mensagens da diretoria da companhia, de que a situação foi melhorando ao longo do segundo trimestre e também no mês de julho.
Eles calculam que as vendas “mesmas lojas”, que consideram o desempenho de lojas em funcionamento há mais de um ano, devem crescer 7% no terceiro trimestre e 16% no quarto trimestre.
No segundo trimestre, a Renner registrou um lucro líquido de R$ 229,7 milhões, queda de 36,3% em relação ao mesmo período de 2022. A receita operacional líquida recuou 3,4%, para R$ 3,5 bilhões, com as vendas "mesmas lojas" do varejo caindo 7%. O Ebitda total ajustado baixou 31,4%, a R$ 481,6 milhões.
“A alavancagem operacional resultante [das vendas ‘mesmas lojas’], junto com menores despesas gerais e administrativas após o ramp up do centro de distribuição de Cabreúva, deve se traduzir em uma expansão da margem Ebitda da área de varejo”, diz trecho do relatório.
Um ponto que também pode dar um impulso às ações da Renner é o governo voltar a taxar compras no exterior de até US$ 50, algo que beneficia plataformas de e-commerce internacionais e considerado desleal pelas varejistas brasileiras.
Por mais que estejam otimistas com as perspectivas da Renner para o restante do ano, os analistas do Citi alertam para uma série de desafios estruturais, que devem persistir por um longo período.
O primeiro deles é em relação ao ritmo de expansão da receita, que deve desacelerar. A expectativa é de que a primeira linha do balanço cresça, em média, 10% nos próximos cinco anos, abaixo da média de 15% dos dez anos antes da pandemia. “Boa parte disso reflete nossa visão de que a Renner perdeu força nos shopping centers premium”, diz trecho do relatório.
A competição também vai acirrar daqui para frente com a chegada de nomes chineses como a Shein e da sueca H&M, que pretendem investir em produção no Brasil. A parte de tributos também é um ponto de alerta, diante das mudanças pretendidas pelo governo em temas como crédito presumido e juros sobre capital próprio.
Por volta das 11h45, as ações da Renner subiam 3,9%, a R$ 18,13. No ano, elas acumulam queda 12,4%, levando o valor de mercado a R$ 17,2 bilhões.