Enquanto o mercado ainda vive tempos incertos e de menor liquidez, muitas startups e empresas estão se vendo pressionadas a reduzir seus valuations em troca de recursos para financiarem suas operações. Não é o caso do Gympass.
Mesmo nesse cenário, a plataforma brasileira de bem-estar mostrou sua força para levantar recursos ao anunciar nesta quarta-feira, 23 de agosto, uma nova captação, de US$ 85 milhões. O aporte série F avalia a empresa em US$ 2,4 bilhões, acima do patamar de US$ 2,2 bilhões da rodada anterior, de julho de 2021.
A nova rodada foi liderada pela EQT, gestora de private equity com sede em Estocolmo, na Suécia, que está ingressando na base de acionistas da companhia. E teve ainda a participação de fundos de clientes da Neuberger Berman, juntamente com a General Atlantic e a Moore Strategic Ventures, gestoras que já investiam no Gympass.
“Nosso crescimento acelerado e a nova rodada de investimentos refletem a validação do nosso modelo e a percepção de que o Gympass está posicionado de forma única, em qualquer cenário econômico”, afirmou, em nota, Cesar Carvalho, cofundador e CEO do Gympass.
Segundo a empresa, o novo aporte chega em um momento de forte expansão da operação que, de janeiro a junho, cresceu em 80% sua carteira de clientes corporativos, para mais de 15 mil companhias, na comparação com igual período, um ano antes.
Distribuída em 11 países, essa base de clientes corporativos inclui um volume de mais de dois milhões de usuários, que, por sua vez, têm acesso a um rede de mais de 50 mil academias e parceiros da plataforma.
Para chegar a esses números, o Gympass captou um total de US$ 605 milhões desde a sua fundação, em 2012. De lá para cá, a empresa, que iniciou sua jornada com foco no B2C, oferecendo aos usuários acesso a uma plataforma com diversas academias de ginástica, mudou bastante o seu modelo.
Esse exercício ganhou mais peso, de fato, com a chegada da pandemia. Na época, com as academias fechadas, a companhia antecipou e colocou em marcha o plano de se transformar em uma plataforma de bem-estar. Em paralelo, deu ainda mais velocidade à transição para uma oferta centrada no B2B, que já vinha em curso.
Em comunicado, a EQT, que investiu no Gympass, por meio do fundo EQT Growth, informou que Carolina Brochado, vice-líder de consultoria do veículo, passará a ocupar um dos assentos no board da empresa.
A gestora também ressaltou sua presença em mais de 20 países e destacou que irá ajudar a fortalecer a operação com a ajuda de seus especialistas em desenvolvimento de negócios digitais e sua “extensa rede” de consultores.
O crescimento registrado pelo Gympass não significa, porém, que a empresa não tem desafios à frente. Até pouco tempo, a companhia praticamente não tinha concorrentes para o seu modelo. Mais recentemente, no entanto, esse cenário mudou e o mercado brasileiro é um bom exemplo disso.
Por aqui, quem surge como a principal nome disposto a desafiar esse domínio é a TotalPass, plataforma que pertence ao grupo da Smart Fit. Além de expandir sua operação, a rival foi a responsável por uma denúncia sobre o Gympass junto ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), em 2020.
A alegação era de que a empresa prejudicava a concorrência ao firmar contratos de exclusividade com as academias. Como resultado, em dezembro de 2021, o órgão publicou uma decisão preventiva impedindo que o Gympass fechasse novas parcerias nesses termos.
Já em setembro de 2022, em um desdobramento desse processo, o Gympass assinou um termo de cessão de conduta com o Cade, estabelecendo que esses acordos de exclusividade com parceiros se limitariam a 20% da sua base.