Os multi family offices, que somam mais de R$ 385 bilhões, segundo dados da Anbima, estão ganhando cada vez mais mercado e players. O mais novo entrante é a gestora carioca SOW Capital. Fundada por três experientes executivos do mercado financeiro, a gestora de patrimônio quer trazer um serviço de assessoria familiar e wealth planning para os bolsos a partir de R$ 5 milhões. E o objetivo é conquistar R$ 1 bilhão até o fim de 2024.
“Sempre tive o sonho de ter a minha própria gestora. Acreditamos que podemos agregar atendendo os clientes menores que os grandes privates bankings e gestoras de patrimônio não querem, tanto na gestão de recursos como no planejamento tributário, sucessório e familiar”, afirma Hermann von Uslar, sócio-fundador da SOW Capital, em entrevista exclusiva ao NeoFeed.
Diferentemente de um private banking e uma assessoria de investimento, os multi family offices não são remunerados por rebates de produtos e sim por uma taxa de administração pré-acordada. Eles podem fazer a gestão dos recursos dos clientes de qualquer plataforma.
Enquanto casas tradicionais como Turim, Julius Baer, Pragma, G5 Partners e TAG Investimentos buscam clientes com mais de R$ 30 milhões para investir, a SOW Capital mira os que têm entre R$ 5 milhões e R$ 50 milhões. Para reduzir o tíquete, a casa apostou na tecnologia.
“Passamos o último ano desenvolvendo junto com parceiros de tecnologia para consolidar portfólios e conseguir gerir com eficiência famílias menores. Agora, com isso azeitado, estamos lançando a gestora no mercado”, diz Victor Hugo Portocarrero, sócio-fundador da SOW Capital.
A casa já começa grande, com algumas centenas de milhões de reais do relacionamento de seus três sócios-fundadores. Hermann von Uslar é economista com mais de 30 anos no mercado financeiro tendo atuado como gestor no Banco Garantia, foi sócio do Banco Modal e sócio-fundador da gestora de ativos Milenium Capital.
Victor Hugo Portocarrero, por sua vez, tem passagem pelo Banco Modal, Brasif e outras gestoras de equity e family offices. E o terceiro fundador é Fábio Esteves, engenheiro com passagem em gestoras de crédito e multimercado - trabalhou com Uslar na Milenium Capital.
Mas, para crescer fora do aquário, a SOW já conta com uma área comercial. A SOW abre as portas com 11 profissionais e uma área comercial liderada por Anna Thereza Loyola. E, apesar de estar baseada no Rio de Janeiro, a ideia é conquistar clientes pelo Brasil.
“Nós já temos clientes que estão em outras localidades e até mesmo fora do país. Hoje, o atendimento remoto virou esse jogo, e nós só estamos no Rio porque temos contatos e somos daqui. Mas vemos muito potencial de crescimento no Nordeste e nas regiões agro”, afirma Esteves.
Apesar de muitas gestoras escolherem São Paulo como sede de seus negócios, os sócios-fundadores da SOW enxergam uma vantagem estratégica em estar no Rio de Janeiro.
“Acreditamos no mercado do Rio, mas acima de tudo acreditamos que aqui é um grande celeiro de talentos. Há excelentes faculdades formando bons profissionais procurando oportunidades de iniciar a carreira. Sou adepto da cultura de formar profissionais como vivi no Garantia e não trazer medalhões a peso de ouro. É isso que pretendemos fazer aqui”, conta Uslar.
Modelo de negócio
Como gestora credenciada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a casa poderá montar fundos exclusivos ou fundos de fundos para gerir os recursos dos clientes, com um grande viés para a alocação de fundos de investimento.
Além disso, a SOW Capital atende no modelo de plataforma aberta. O que significa que os clientes podem continuar a ter contas em seus bancos e corretoras e serem atendidos por eles, que irão cobrar uma taxa percentual fixa para escolher os melhores produtos para cada perfil de investimento e de objetivo que o cliente tenha.
“Também não teremos produtos próprios para não haver conflito. Sabemos que não somos os gênios do mercado, mas temos grande expertise em escolher os grandes gestores para cada perfil de cliente”, conta Esteves.
A SOW quer conquistar clientes que estão em bancos e em assessorias de investimento com esse discurso. .
"Acreditamos nesse modelo de cobrança, que não possui conflito de interesse pois não está atrelado à venda de produto mas ao que o cliente realmente precisa", diz Uslar. "Vemos que há uma demanda por um serviço mais completo do que apenas gerar retorno financeiro, olhando a eficiência tributária e outras demandas das famílias. E queremos ser um importante player desse mercado.”