Impulsionada pela atenção do mercado de capitais internacional, a sigla ESG se tornou a bola da vez. Síntese em inglês para Ambiental, Social e Governança, passou a ser adotada por gestores de investimento, empresas, consultorias no Brasil e no mundo, muitas vezes dando nova roupagem para o já cansado universo da sustentabilidade.
Há bons motivos para toda essa excitação. Desde sua origem no início deste século, o termo ESG foi cunhado para chamar a atenção de investidores para os aspectos que deveriam ser considerados em um investimento sustentável (ou socialmente responsável, SRI, como se dizia à época). Logo, sempre esteve conectado à decisão de alocação de capital. E ainda que 20 anos depois, se passou a influenciar onde colocar o dinheiro, tornou-se prioridade para todo o sistema financeiro e para as empresas.
O fato de conversar com o mundo financeiro também oferece ao ESG um status elevado em comparação com o surrado termo sustentabilidade, visto com ceticismo e descrédito por muitos executivos pela sua origem no universo das ONGs. Assim, o que se vê hoje é uma tentativa de substituição de sustentabilidade por ESG, especialmente por aqueles que se mantiveram distantes destes temas.
Realmente ESG parece sustentabilidade, mas não é o mesmo. ESG joga luz sobre aspectos não-financeiros que precisam ser considerados por uma companhia que busca ser sustentável. ESG é, em essência, a abertura de informações e a mensuração da performance da gestão ambiental e social e das práticas de governança de uma organização. Tudo que gerar evidências dos impactos da atividade produtiva e, principalmente, dos riscos inerentes ao negócio para a tomada de decisão dos detentores de capital.
Sustentabilidade, no seu entendimento moderno, é mais do que isso. É o pensamento estratégico da companhia, que integra esses aspectos não-financeiros considerados pelo ESG (sociais, ambientais e de governança) ao modelo de negócios voltado à geração de um impacto maior para a sociedade.
Sustentabilidade não olha somente para os riscos, mas principalmente para as oportunidades, aponta para o futuro e as transformações necessárias para alcançá-lo, é aspiracional, considera múltiplos stakeholders e uma agenda mais ampla de toda a sociedade. Sua orientação é de fora para dentro da organização e de como ela se sustenta no tempo, mantendo-se conectada com as demandas da sociedade.
ESG tem um foco no curto e no médio prazo, seu olhar para oportunidades está mais concentrado na mitigação de riscos, desperta o interesse de públicos específicos – e muito importantes para o bom andamento dos negócios, como investidores, reguladores e ONGs fiscalizadoras. Seu campo de atuação é o impacto das operações e de sua cadeia produtiva. Sua orientação é de dentro para fora.
Enfim, ESG está englobado dentro de sustentabilidade, o que não reduz a sua importância. Afinal, é a performance ESG que produz evidências e gera credibilidade para todos os compromissos assumidos por uma organização em sua estratégia comunicada para a sociedade. ESG, portanto, pavimenta o caminho de uma companhia na direção de um modelo de negócios sustentável.