O apetite da empresa de torres de celulares Highline pelos ativos da Oi é muito maior do que se conhece até agora. Segundo apurou o NeoFeed, a Highline apresentou três ofertas para a Oi.
Além da proposta de compra das torres de telefonia celular e do braço de telefonia móvel, a companhia está interessada também em uma fatia da Infra Co, negócio de fibra óptica da Oi.
Quando anunciou sua reestruturação ao mercado, em plano que precisa ser aprovado em assembleia de acionistas em agosto, a Oi informou que queria se dividir em duas operações independentes.
A primeira será batizada de Infra Co e reunirá as ofertas de estrutura de rede de fibra óptica para todo o mercado. A segunda companhia será nomeada Oi Client Co e compreenderá o portfólio de serviços na mesma modalidade para clientes residenciais, empresariais, governo e no atacado.
Na Infra Co, a Oi divulgou que sua intenção é manter uma participação de até 49%. Pela venda da fatia restante, o preço mínimo exigido será de R$ 6,5 bilhões.
Com isso, a Highline está fazendo uma oferta de mais de R$ 22,5 bilhões para ficar com as torres (R$ 1 bilhão), com a operação móvel (mais de R$ 15 bilhões) e para comprar uma fatia da Infra Co (pelo menos R$ 6,5 bilhões).
O mercado olha com atenção o negócio da telefonia móvel. Mas, na lógica da Highline, as três ofertas estão interligadas. Só não foram feitas de forma conjunta porque a Oi está em recuperação judicial e cada ativo precisa passar por um leilão, antes de o negócio ser concluído.
O plano da Highline, conforme publicou o NeoFeed, é se posicionar como uma empresa de infraestrutura com o conceito de rede neutra, algo inédito no Brasil, onde as empresas, em geral constroem suas próprias redes.
No caso dos clientes da telefonia celular, a Highline deve oferecê-los a outras operadoras, em negociações caso a caso, desde que usem a infraestrutura tecnológica da empresa. Vivo, TIM e Claro teriam de brigar pelas melhores fatia, caso a Highline vença o leilão Até a própria Oi poderia comprar os “clientes.”
Na quarta-feira, 22 de julho, a Oi celebrou um acordo de exclusividade com a Highline pelos ativos da Oi Móvel. Em fato relevante, a Oi disse que a empresa fez “a melhor oferta vinculante acima do preço mínimo estabelecido”, que era de R$ 15 bilhões. Agora, a Oi vai ver se as garantias financeiras apresentadas pela Highline serão aceitas.
Se sim, a Highline se transforma no que o mercado chama de stalking horse. Na prática, a Oi já tem uma oferta no leilão que deve acontecer no quarto trimestre deste ano por sua operação móvel.
O consórcio formado por Vivo, TIM e Claro poderá fazer uma nova oferta que seja melhor do que a da Highline. Mas a companhia, que foi comprada pelo fundo americano de private equity Digital Colony no fim do ano passado, poderá cobrir a proposta do trio de teles e encerrar a disputa.
No mercado, espera-se por qual será o próximo movimento desse jogo de xadrez. Ao garantir um acordo de exclusividade, a Highline mexeu uma peça nessa partida. Agora, é a vez de Vivo, Claro e TIM fazerem seu movimento.
Em relatório, o banco de investimento Credit Suisse disse que acredita que a Oi Móvel vale mais nos players existentes do que em uma base independente. “Assim, continuamos a ver Vivo, TIM e Claro como os vencedores mais prováveis no leilão da Oi Mobile no quarto trimestre."
Mas o próprio Credit Suisse faz uma ressalva. “Acreditamos que a Highline demonstrou mais apetite pela Oi Móvel do que esperávamos e as chances de um resultado diferente do nosso caso-base aumentaram.”
As ações ordinárias da Oi subiam mais de 14% por volta das 13 horas. Vivo e TIM estavam entre as maiores quedas da B3, com desvalorização de 5% e 7,4%, respectivamente.