O segundo trimestre deixou a sensação de copo meio cheio e meio vazio para a Gerdau. A companhia apresentou números robustos no período, como a receita líquida de R$ 18,26 bilhões, a venda de 2,93 milhões de toneladas e o lucro líquido de R$ 2,14 bilhões
Mas a comparação com o segundo trimestre do ano passado mostra como o período foi desafiador para a indústria do aço: a receita líquida da Gerdau foi 20,5% menor que em 2022, as vendas caíram 9,6% e o lucro líquido encolheu 50,1%.
“O cenário macroeconômico foi desafiador, com fatores importantes como a queda dos preços internacionais e a desvalorização do dólar”, diz Gustavo Werneck, CEO da Gerdau, em teleconferência com a imprensa.
Ele complementa: “Mas apesar da redução do nível de consumo do aço e do excesso de oferta de aço da China, apresentamos um resultado consistente”.
A ação da Gerdau abriu o pregão de quarta-feira, 9 de agosto, em forte queda de mais de 3%, ao redor de R$ 26,10 (o Ibovespa recuava 0,4% no mesmo horário). O preço-alvo do Itaú BBA é de R$ 31 e do BTG Pactual, de R$ 39 para 12 meses.
Além da retração da atividade econômica da China, que está distante do esperado crescimento de 7% no ano, o Brasil viveu um primeiro semestre conturbado, com a taxa básica de juros em alta e as discussões sobre o arcabouço fiscal e a reforma tributária que travaram o apetite para grandes investimentos.
No entanto, o cenário para o segundo semestre parece menos turbulento: o governo federal está prestes de anunciar o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que vai impulsionar grandes obras de infraestrutura, o início do ciclo da queda da taxa Selic e a confiança do empresário para investir aumentou 11,4 pontos no último mês.
“Não acredito que o novo PAC vai mexer na demanda por aço neste ano. Estamos trabalhando com um cenário para 2024”, afirma Werneck. “O que está nos animando neste momento é a queda de juros e os lançamentos imobiliários, que devem se traduzir em demandas neste segundo semestre”.
Alongamento da dívida
Ao longo do segundo trimestre, a Gerdau alongou o perfil da sua dívida. A companhia pagou, aproximadamente, R$ 1,5 bilhão nos bonds de 2023 e da tranche de uma debênture. Com isso, houve um alongamento de 92% dos pagamentos. Até 2025 serão necessários desembolsos de R$ 2,8 bilhões em empréstimos bancários. Em 2027, vence um bond de R$ 2,1 bilhões.
O endividamento bruto da companhia de R$ 10,7 bilhões é o menor desde 2007. A dívida líquida está em R$ 6,5 bilhões, com custo médio ao ano de 105% do CDI em reais e de 5,6% em dólar. A alavancagem é de 0,37 vez (x).
“A estrutura do capital está saudável considerando a evolução e a perenidade do negócio”, afirma o CFO Rafael Japur.
Para Leonardo Correa e Caio Grener, analistas de metais e minérios do BTG, a Gerdau se destaca como a principal escolha do setor, por estar negociando a, aproximadamente 3,5x, EV/Ebitda. No segundo trimestre, o Ebitda ajustado da companhia foi de R$ 3,79 bilhões - redução de 43,2% sobre o mesmo período de 2022.
“No Brasil, apesar das condições mais desafiadoras da demanda, continuamos confiantes na capacidade da Gerdau de manter a resiliência com margens Ebitda próximas a 15%”, escreveram os especialistas após o balanço.