Com o objetivo de reduzir o seu endividamento e aumentar a participação de matrizes de energia renovável em seu portfólio, a Enel anunciou nesta terça-feira, 22 de novembro, um plano para levantar € 21 bilhões com venda de ativos. E uma das operações que pode ser colocada no balaio é a distribuidora de energia elétrica do Ceará.
Em comunicado separado, a Companhia Energética do Ceará (Coelce) divulgou que a Enel contempla a possibilidade de vender o controle acionário, detido indiretamente pela controlada Enel Brasil, com 97,9% do capital social. No entanto, destacou que não foram iniciadas “concretamente quaisquer medidas e procedimentos em tal sentido”.
Desde 2016 conhecida pelo público como Enel Distribuição Ceará, a companhia atende 4,38 milhões de unidades consumidoras nos 184 municípios do Estado. Ela foi privatizada em 1998, tendo como seu primeiro dono um consórcio formado por empresas do Chile, da Espanha e de Portugal.
A informação de que a Coelce pode ser vendida veio no dia em que a Enel global anunciou seu plano estratégico para o período de 2023 a 2025, que entre as medidas pretende reduzir o endividamento líquido para uma faixa de € 51 bilhões a € 52 bilhões. No terceiro trimestre, a dívida líquida somou € 69,7 bilhões, alta de 34,2% em relação ao mesmo período de 2021.
O plano da Enel também prevê focar as atividades em “geografias que podem adicionar valor, apesar dos desafios do atual cenário, levando a uma estrutura (corporativa) mais enxuta e com dados financeiros mais robustos”, disse o CEO da companhia, Francesco Starace, de acordo com informações do jornal Financial Times.
Além da Coelce, a Enel analisa a possibilidade de vender ativos de gás natural na Espanha e deixar países como Argentina e Peru, visando a concentrar sua atuação e investimentos em matrizes renováveis e limpas na Europa e nos Estados Unidos. Para isso, a Enel calcula que investirá cerca de € 37 bilhões nos próximos três anos.
A venda da Coelce seria mais um ativo que a Enel abre mão no Brasil. Em setembro, a empresa vendeu a distribuidora de energia que detinha em Goiás para a Equatorial, após anos de atritos com o governo do Estado. Antes disso, em junho, a Enel Brasil fechou a venda da Central Geradora Termelétrica Fortaleza (Termofortaleza) para a Eneva.
Os movimentos não significam que a Enel vai deixar o País. Segundo Starace disse ao Financial Times, Brasil, Chile e Colômbia permanecem sendo os mercados emergentes prioritários da empresa, vendo neles “forte crescimento”.
Ainda assim, o foco da Enel será na Europa, especificamente, Itália e Espanha, além dos Estados Unidos, com 90% dos investimentos em geração de energia e distribuição indo para esses países, “considerando os ambientes regulatórios mais favoráveis desses países”, segundo o comunicado da empresa.
O plano estratégico da Enel para o período de 2023 a 2025 prevê que o Ebitda suba para uma faixa de € 22,2 bilhões a € 22,8 bilhões.
A previsão para este ano é de que ele fique num intervalo de 19 bilhões e 19,6 bilhões de euros. Nos nove meses encerrados no final de setembro, a Enel registrou um Ebitda de 12,4 bilhões de euros, alta de 8,8% na comparação com o mesmo período de 2021.
A expectativa da companhia é de conseguir também aumentar o dividendo por ação, do € 0,40 previsto para 2022 para € 0,43 até 2025.
Listadas na Bolsa de Milão, as ações da Enel subiam 0,53% por volta das 12h20, a € 5,11. No ano, elas acumulam queda de 27,4%, levando o valor de mercado a € 51,9 bilhões.