Depois de as negociações entre a General Motors (GM) e a Nikola derraparem por conta das acusações de fraude que atingiram a startup, as duas montadoras anunciaram um novo acordo ao mercado nesta terça-feira, 30 de novembro.
Sob o novo arranjo, a GM abre mão da participação acionária de 11% que deteria na Nikola. Mas seguirá abastecendo a novata com a sua tecnologia de célula a combustível, uma opção mais potente e ecológica do que as alternativas disponíveis no mercado.
Como reflexo do anúncio, a caminhonete elétrica Badger, uma das grandes promessas da Nikola, tampouco deve sair do ponto-morto. Os planos de desenvolvimento foram cancelados por completo e a startup vai reembolsar os clientes que pagaram as reservas do modelo.
Esse novo formato de colaboração é bem mais enxuto do que o anunciado no começo de setembro, quando a GM concordou em “pagar” com mão-de-obra e tecnologia os US$ 2 bilhões que lhe dariam direito a uma fatia da Nikola.
O negócio capotou, porém, na primeira curva. No dia seguinte ao comunicado da parceria, a consultoria de pesquisa financeira forense Hindenburg Research publicou um dossiê com uma série de documentos acusando a Nikola de fraude.
Segundo a companhia, a startup nunca provou a eficácia de sua bateria e manipulou o vídeo que mostra o caminhão Nikola One em atividade. O veículo em cena foi guinchado até o topo de uma colina remota para ser filmado na descida em ponto-morto, movendo-se apenas pelo efeito da gravidade.
Esse escândalo fez com que o fundador e CEO da Nikola, Trevor Milton, desembarcasse da operação. As companhias deram marcha-ré nas conversas e haviam estipulado 3 de dezembro como data limite para uma nova negociação.
Diante da publicação deste modelo mais modesto de parceria, as ações da GM recuaram 2,71% no pregão do dia na Bolsa de Nova York. Mas acumulam alta de mais de 37% desde que o primeiro acordo com a Nikola foi tornado público. A fabricante de Detroit vale hoje US$ 62,7 bilhões.
Já os papéis da Nikola despencaram 26,92% nas negociações de hoje na Nasdaq. Desde que os escândalos que mancharam sua reputação vieram à tona, a companhia, avaliada atualmente em US$ 7,8 bilhões, acumula um recuo de 57,2% em suas ações.
Com o anúncio, os papéis da Nikola despencaram 26,92% nas negociações de hoje na Nasdaq
O prognóstico é de ainda mais volatilidade, uma vez que as regras de contingência que impediam executivos e outros funcionários da Nikola de negociarem suas ações expiram nesta semana.
A startup comunicou ainda que planeja colocar à venda outros 50 milhões de novos papéis, o que deve derrubar ainda mais o valor dos títulos.
Apesar da queda-livre no mercado e das “curvas inesperadas” nas negociações com parceiros, a companhia diz que segue focada em seus compromissos. A Republic Services, uma empresa de coleta e reciclagem de lixo, encomendou à Nikola 2,5 mil unidades de caminhões de lixo.
A expectativa é que a produção dessa frota tenha início em três anos. Os modelos oferecem 150 milhas (cerca de 241 km) de autonomia e capacidade para o despejo de até 1,2 mil caçambas de lixo. Os últimos acontecimentos não alteram, por enquanto, o calendário de entrega prometido pela startup.
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