Em 2009, ao pedir concordata, a General Motors (GM) decidiu encerrar sua atuação no mercado de seguros automotivos, como parte do seu processo de reestruturação financeira. Onze anos depois, a montadora está retomando esse percurso, com a ambição de reinventar a roda no segmento.

O retorno foi anunciado com o lançamento da OnStar Insurance, divisão que vai usar dados coletados por carros inteligentes para ajustar os serviços ofertados pela GM em seguros automotivos e os valores cobrados nesse pacote.

A nova unidade foi desenvolvida a partir da plataforma OnStar, instalada em todos os veículos comercializados pela marca na América do Norte, que rastreia o automóvel em tempo real e acompanha todos os dados de condução. As ofertas nesse espaço não vão se restringir aos modelos mais recentes da empresa. 

“Carros antigos da GM e modelos de outras montadoras também poderão acessar as ofertas da OnStar Insurance”, diz Katie DeGraaf, diretora de telemática de seguros da GM, em entrevista ao NeoFeed, sobre a divisão que irá oferecer ainda seguros residenciais e para locatários.

A OnStar utilizará apenas as informações coletadas mediante a aprovação do motorista. Com os dados em mãos, será possível verificar se ele respeita os limites de velocidade e se costuma fazer frenagens bruscas, entre outros comportamentos ao volante. A partir do perfil traçado, o valor da apólice poderá ser reduzido. 

Neste primeiro momento, apenas os funcionários da GM no Arizona terão acesso à versão beta da plataforma. Na sequência, será a vez dos demais 85 mil profissionais que integram o quadro da fabricante poderem testar o serviço.

A previsão é de que a plataforma esteja disponível para os consumidores americanos na reta final de 2021. Segundo a executiva, ainda não há planos confirmados para estender a oferta a outros países. 

DeGraaf  não revela as projeções de clientes e de participação da divisão na receita da montadora. Mas ressalta uma meta extremamente ambiciosa: zerar os acidentes de trânsito.

Para isso, a GM aposta em programas como o Smart Driver, que dá aos motoristas que optam por compartilhar seus dados a chance de monitorar seus hábitos ao volante.

Hoje, de acordo com a montadora, a plataforma fornece esses feedbacks para quase 19 milhões de viagens diárias por meio do Smart Driver. Desde que foi lançado, em 2016, mais de 6 milhões de usuários se cadastraram no sistema. 

O mercado de seguros movimenta US$ 250 bilhões por ano. A consultoria sueca Berg Insight prevê que o volume de contratos de seguros de automóveis na América do Norte, com uso de inteligência artificial e análise de dados, vai crescer de 10,6 milhões, em 2018, para 50 milhões, em 2023.

Na jornada para conquistar parte dessas cifras, a GM vai precisar, no entanto, acelerar seus planos caso queira alcançar rivais como a Tesla e a Ford, que já investem no conceito de seguro inteligente, baseado em dados, há mais tempo.  

Todas essas ofertas partem de um ponto bastante comum, com a típica avaliação de fatores como CEP e média de quilômetros rodados por dia, semana e ano. As diferenças em cada modelo começam a surgir a partir dessa etapa. 

No caso da GM, a plataforma consegue mapear o calibre dos pneus, para saber se estão no nível desejado. Depois, são as habilidades do motorista que balizam as demais variáveis de cada contrato. 

No mercado de capitais, a manobra da montadora foi bem recebida. Os papéis da GM fecharam a quarta-feira, 18 de novembro, com alta de 1,76%. Desde o começo do ano, as ações da companhia, avaliada em US$ 61 bilhões, acumulam uma valorização de 21%.

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