O mercado de wealth management no Brasil passa por mais uma fase de inflexão, com o setor começando a entrar em uma etapa marcada por consolidação, amadurecimento institucional e mais pressão para entregar valor real ao cliente de alta renda.

Para Fernando Katsonis, CEO da Lifetime Investimentos, o cenário que se desenha exige não só escala, mas sofisticação e posicionamento estratégico claro. “O mercado brasileiro não vai ser igual ao dos Estados Unidos, mas está em transformação. A fase da euforia passou. Agora é hora de amadurecer”, diz ele, em entrevista ao Wealth Point.

Com cerca de R$ 25 bilhões sob gestão e custódia, a Lifetime resistiu aos ciclos de massificação dos setor e manteve o foco no segmento private e de alta renda. A decisão exigiu investir em estrutura, processos e, principalmente, em gente.

Hoje, são 300 profissionais, priorizado a formação de talentos internos — movimento oposto ao boom de contratações com luvas milionárias que marcou os anos de 2019 a 2021.

No programa do NeoFeed, Katsonis conta a estratégia e os próximos passos da Lifetime: tornar-se uma corretora independente, acordo que firmou com o seu sócio, o BTG Pactual, em 2020.

Para isso, a empresa precisa quadruplicar de tamanho até 2028. Por enquanto, o ritmo de crescimento se mantém acelerado. Nos últimos quatro anos, a empresa quintuplicou de tamanho e chegou a 11 escritórios distribuídos em 10 estados.

E também pelas sinergias geradas pelo seu ecossistema de serviços que inclui a assessoria de investimentos, family office, mesas de renda variável, corporate banking, câmbio e, mais recentemente, o investment banking.

“Estamos no caminho para a constituição de uma instituição financeira. Entendemos que faz sentido dentro do nosso modelo de negócio. Mas isso só faz sentido quando formos grandes”, afirma Katsonis.

O caminho para chegar lá passa pela continuidade da expansão regional. Este ano, a empresa pretende abrir unidades em Brasília, Recife e Ribeirão Preto.

Mesmo com o crescimento orgânico como pilar central, a empresa não descarta aquisições, desde que haja alinhamento cultural. E, na visão Katsonis, há oportunidades para isso com o mercado passando por grande consolidação.

“Estamos vivendo um pós-crise. Os últimos três anos foram os mais difíceis da indústria financeira. A indústria de fundos tem sido dizimada com resgates. Muitas casas estão com dificuldade de manter margem e rentabilidade. Family offices independentes como o nosso estão sendo incorporados” diz o CEO da Lifetime.